9.10.08

Lançamento do livro Um segredo no céu da boca

Ontem na Cooperifa aconteceu o lançamento do livro um segredo no céu da boca, se trata de uma coletânea de 23 poetas da cooperifa voltada, para as crianças. Tanto é que o lançamento aconteceu antes do dia das crianças, pra homenagea-las como elas merecem, nossas crianças periféricas, e também as não periféricas.
A diferença é que muitas daqui não ganharam presente dia 12, enquanto que as que vivem " da ponte pra lá" ganharam muitos " estrelas ", Ri RAP, etc.
Como diz o Eduardo do Facção, " ganha um presente caríssimo pra brincar, e em um minuto já está enjoado, dai joga pra mãe doar pro filho da empregada. Eu posso falar isso, por quê já passei por isso, não tenho receio de contar isso aqui no blog, nem pra ninguém, pois é a pura verdade.
Mas como o assunto aqui é positividade e não tristeza, vamos falar do livro.
Fiquei muito honrado de ter escrito para os pequenos, apesar de meu texto ter sido meio triste, mas foi uma tentativa de passar pras crianças a consciência de que o mundo está complicado, e que o papai noel, o coelhinho da páscoa, a fadinha do dente, entre outros personagens capitalistas, não costumam vir pra nós, e que nossos verdadeiros heróis, pegam busão de madrugada, pra ganhar 500, 600 conto. E que apesar da alienação da mídia, ainda existe o sentimento materno e paterno dos nossos país, querendo ou não, mesmo o funk pornográfico tirando a magia da infância, mesmo a rede globo colocando no papel principal da novela a menina de olho azul e cabelo loiro. E quando a menina é uma negra, anda desajeitada, é tirada nos lugares onde vai e serve de chacota pra muitos que assiste a novela, sendo chamada até de " aquela personagem moreninha".
Mas apesar de tudo, ontem fui prestigiado com a presença da minha querida professora Mônica Cardim, que me despertou o gosto pela leitura e pela militância. Também estava ao meu lado meu irmão Marcos Vital, minha amiga Érica Peçanha e um dos melhores professores de história da escola pública o Rodrigo Círiaco.
O sarau estava mágico como sempre, muitas palmas, muito axé, muita energia positiva, e a ansiedade pela chegada do livro, que infelizmente houve um problema na gráfica, e só chegaram 23 exemplares. O guerreiro Allan da Rosa não teve culpa de nada, e o problema foi mecânico e não humano.
Mas o livro está comigo já, e pra falar a verdade, ao me ler nele, não acreditei que é eu mesmo, estou até agora me beliscando. A gente que cresceu vendo nas escolas, os mesmos livros, sendo reeditados umas mil vezes, hoje temos a chance de nos ver, nos nossos próprios livros.
Queria saber o que acharia Lima Barreto, Trindade, Carolina de Jesus entre outros, ao me ler, será que gostariam do meu texto. Bom isso é outra história, o importante é que tudo rolou mágico no sarau como sempre, e a lua foi companheira inseparável dos poetas que tiram das palavras, força pra dias melhores. Paz a todos.

Um comentário:

Mônica Cardim disse...

Querido Renato,

Que honra ler sobre mim em seu Blog. Também tenho um segredo no céu da boca: a leitura, o texto e a militância são elementos que fazem parte da sua vida, e se revelam no seu nome, VITAL.

Parabéns e muito obrigada!