28.11.09

Cortante

Cortante era pra pipa
Que relava num instante
Pipa que laçava a outra
E mandava a diante
Cortante é a faca em cima da mesa
Que corta o queijo, a carne e a sobremesa
Se cortante de verdade fosse a faca
Cortava todas as incertezas
Cortante é o vidro
Mesmo se ele for temperado
temperado está o churrasco
que vai ser assado e depois cortado
Cortante é quando se corta o laço
Da inauguração de uma nova escola
Ou de um novo parque pra criançada
Ao invés de brincar no asfalto
Cortante é o espinho da flor
Que presenteia a amada
E que não repara a cor
Seu perfume e cheiro é frescor
Cortante são minhas rimas
Que apesar da vida sofrida
Me faço de poeta
E saio cortando, injustiças da vida.

Renato Vital poeta e escritor
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25.11.09

Monte Líbano

Passei pelo Jardim Luso, de lotação, lembrei que tem vários manos no pantanal.
Passei pela pracinha, lembrei do show que cantei, no mesmo palco que o Mv Bill.
Passei pela pedreira, muita loucura, me lembro que aqui dei um trampo, ali naquela creche.
Passei perto do campinho do Guacuri, lembrei de estar ali, ouvindo os grupos de RAP da periferia dentro da periferia.
Passei pela ong da AES, um circo.
Cheguei no Monte Líbano, quebrada, céu azul, rolê pela quebrada, zona sul.

Renato Vital poeta e escritor

24.11.09

De trampo em trampo

De trampo em trampo

Nossa, que milagre é esse, eu por aqui, escrevendo. Os últimos dias tenho passado só trabalhando, domingo foi um desses dias, em que trabalhei 12 horas, isso mesmo, das 10 da manhã às 10 da noite. E pra finalizar o dia, quando a gente saia do serviço, mais de sete viaturas em frente ao mercado, todos armados de metralhadora e pistolas. O problema é que, ligaram pra polícia avisando que o mercado estava sendo invadido, na verdade eram apenas os pintores que estavam fazendo a manutenção do prédio. Quando um dos policiais passou pela minha mochila, em cima do Check out ( balcão de caixa do mercado, para os mais humildes que nem eu) amassou a minha mochila procurando armas. Mas não contem pra ninguém não, eles vacilaram, dentro da minha mochila, tinha uma arma muito mais perigosa, um livro do Górki " A mãe ", que é ótimo.
Tirando os policiais, tudo correu bem, minhas costas doendo de tanto serviço, e meus pensamentos nos saraus e lançamentos de livros da vida, como eu sou feliz e não sei, quando estou dentro do sarau da cooperifa. Alguém avise pro Ferréz, que não poderei ir ao lançamento de seu livro hoje, mas estarei lá em espírito e no coração. è isso ai.

20.11.09

Dia da Conciência Negra

"Que a pele negra não seja escudo para os covardes, que habitam na senzala da mediocridade, por que nascer negro é consequência, ser é consciência."
Sérgio Vaz

Zumbi
Akins Kinte
Sérgio Vaz
Gamza Zumba
Ferréz
Malcom x
Márcio Batista
Benedita da Silva
Rose Dorea
Sandra de Sá
Profª Lu
De Lourdes
Marvin Gaye
Wesley Noog
Robson Canto
Martin Luther King
Sabotage
Gato Preto
Gog
Sacolinha
Alessandro Buzo
Leci Brandão
Jéssica Balbino
Os Panteras Negras
COOPERIFA os poetas e poetisas
Fato Realista
Facção Central
Favela Brasil
Favela Mundial
1dasul
A familia
Enigmas de Periferia
Periferia do Brasil inteiro


E as demais pessoas com sangue negro na veia, a nossa força é a nossa inteligência.
Parabéns hoje é seu dia, talvez o único dia, nesse calendário. Parabéns pra nóis.

14.11.09

Só quero ler em paz

Dia desses me fiz uma pergunta...
Aonde quero chegar com tudo isso, blog, grupo de rap ( que não canta a mais de 10 meses), poesia, literatura, estudos, cultura?
É foda sabe, nunca fui de me lamentar a toa, sempre fui guerreiro e trabalhador, mas é que tem coisas que não entendo. As vezes me sinto de mãos atadas por esse sistema que está ai, me sinto indefeso, justamente por conter a informação, e não conseguir propagar da forma que gostaria.
Quando entro pro setor de serviço, toda a cultura e a informação que está dentro de mim, vai por água abaixo, ou alguém sabe me dizer, pra que o livro de Machado de Assis serve pra quem fatia frios?
E todo o meu teor crítico aonde fica, quando o patrão dá as ordens, sem podermos bater de frente, muito menos desacatar as ordens, no mínimo podemos tentar reparar algo?
E o pior de tudo, quando alguém se depara com você lendo, te chamar de pastor, ou desdenhar da leitura, como se fosse algo fútil e vazio pras nossas vidas, o que faço?
É meus camaradas essa coisas nos deixa, com excesso de inconformismo.
Esse inconformismo vai sobrevivendo, de certa forma, que no final das contas só me resta algo de útil pra fazer: ler.
Se não der pra eu realizar a maioria das coisas que eu busco, tenho ao menos um desejo, quero ler em paz, ler aqueles que conseguiram realizar, buscar e ousar, se caso eu talvez, não consiga alcançar tudo isso. Pois como o próprio Ferréz diz, quando a gente lê a gente se perde da realidade, e caminha em liberdade, por páginas e mais páginas, até sermos despertados pela realidade. Só quero ler em paz.

Isaías capítulo 11

Isaías capítulo 11
... Julgará os fracos com equidade,
fará justiça aos pobres da terra,
ferirá o homem impetuoso com uma ordem de sua boca,
e com o sopro dos seus lábios fará morrer o ímpio.
A justiça será como cinto de seus rins,
e a lealdade circudará seus flancos.
Então o lobo será hóspede do cordeiro,
a pantera se deitará aos pés do cabrito,
o touro e o leão comerão juntos,
e uma criança os conduzirá,
a vaca e o urso se confraternizarão,
suas crias repousarão juntas,
e o leão comerá palha com o boi,
A criança de peito brincará junto à toca da víbora,
e o menino desmamado meterá a mão na caverna da serpente.

Se pra você a bíblia é cadeia, pra mim é manual pra libertação da carne e do espírito, não acredite em falsos profetas e não acredite nos milagres impossíveis da televisão, o milagre só vem junto de sua dedicação.

Renato Vital.

Leia


Leia: Cia e o culto da inteligência de Vitor Marchetti e JOnh D. Marks.
E veja um pouquinho das safadezas do Tio Sam.
É isso ai Estados Unidos do Brasil.

9.11.09

Sonho Revolucionário

Sonho revolucionário por Renato Vital

Os agente do Dops estavam a cerca de um mês investigando minha casa, segundo vizinhos, alguns livros com conteúdo terrorista, eram vistos comigo de vez em quando.
Aquele dia sai desavisado pra caminhar, quando vi a polícia dando geral em alguns rapazes no bar da esquina, meu sexto sentido me avisou: corra pra casa depressa. Me escondi debaixo da cama, fiquei atento a conversa lá fora, chamaram minha mãe, e começou o interrogatório. Eu catei alguns pertences, e corri pra varanda de casa, subi num muro não tão alto, e comecei a caminhar sobre ele, me lembrei dos trapezistas, agora era eu um deles, mas não um trapezista qualquer, mas sim, um que se equilibra entre o sonho da justiça entre os povos e a falta de distribuição de renda a grande verdade brasileira. Não me lembro bem quando foi que começou essa repressão, só sei que alguns jovens da periferia estavam em ascensão, e dali em diante coisas estranhas começaram a acontecer no país.
Jovens eram levados pra interrogatórios, e alguns eram presos, segundo a polícia, o motivo era o terrorismo, mas que terroristo?
Despertei de meus pensamentos, quando uma mulher ( zé povinho), gritou que eu estava no telhado de sua casa, ai corri, desci o muro, e fui até o final da rua, peguei a primeira lotação que apareceu, o cobrador desconfiou um pouco, mas não disse, e eu achando que tinha despistado a polícia...
Alguns metros em diante, havia um cerco policial, e eu como queria a qualquer custo me desvencilhar deles, desci do ônibus e corri por uma rua paralela da qual estava, até achar um ponto de ônibus, que me levaria pro centro da cidade.
Em alguns contatos telefônicos, soube por colegas, que já haviam encontrado meus escritos, e que agora eu era um dos alvos do Dops ( departamento de opressão das polícias). Pensei em pegar um ônibus clandestino para o interior, e de lá atravessar clandestinamente a fronteira pra Argentina, pra ficar uns tempos exilado. Alguém liga pro meu celular, e avisa que o Robson também estava sendo perseguido, e que todos os envolvidos na literatura marginal também. Pensei em meus amigos, quando ouvi gritos de um policial que me reconheceu nas ruas, corri e me escondi embaixo de um carro, depois, andei por ruas do centro de São Paulo, a procura de abrigo, a Ação Educativa estava em constante vigilância, lá seria muito arriscado, sentei numa calçada fiquei pensando que caminho tomar, quando minha mulher gritou por mim, abri os olhos, e ela estava deitada ao meu lado, avisando que iria no médico e que voltava logo. Levantei, percebi que era tudo sonho, e avistei meu livro o batismo de sangue do Frei Betto, e fiz um instante de silêncio, em memória das pessoas que morreram sendo perseguidas e torturadas pelo regime militar na época da ditadura.

Esse texto é em homenagem À Carlos Lamarca, Carlos Marighela, Frei Betto, aos heróis vitoriosos que lutaram contra a ditadura e pela justiça entre os povos, aos dominicanos que ajudaram as pessoas perseguidas pela ditadura, aos livros escritos com sabor de sangue que falam da época da ditadura no Brasil, ao parceiros do Hip Hop e da literatura marginal, e a Cooperifa minha segunda casa, na qual estou ausente mas logo mais estarei presente, falando poesias com vocês. Obrigado.

7.11.09

Enquanto o sarau não vem, ou eu não vou pro sarau...

Enquanto não vou pro sarau, não se esqueçam, eu estou aqui. E eu continuo vos amando.

3.11.09

Efeito Colateral o filme maldoso americano

Coluna de guerrilheiros das Farc ( terroristas pros americanos)

Efeito Colateral

* (Collateral Damage)
* ano de lançamento ( EUA ) : 2002
* direção: Andrew Davis
* atores: Arnold Schwarzenegger , Elias Koteas , Francesca Neri , Cliff Curtis , John Leguizamo
* duração: 01 hs 55 min
descrição
Após ter sua família morta em um atentado terrorista, um bombeiro decide ir atrás do causador do desastre, em busca de vingança. Dirigido por Andrew Davis (O Fugitivo) e com Arnold Schwarzenegger, John Leguizamo e John Turturro no elenco.

Versão Periférica

Tudo o que o Estado Unidos faça, é muito bom para o mundo, mesmo que o destrua. Tudo que o Estados Unidos lança, é uma grande lança no peito do povo oprimido. Vide esse filme, que só fui assistir hoje, o Efeito Colateral com o político direitista Arnold Schuwarzenegger, uma grande apologia, ao massacre americano, aos povos da américa latina. O Arnold interpreta um bombeiro que se revolta por ter sua família morta, num atentado terrorista.
A grande maldade do filme, é que eles mostram os guerrilheiros colobianos apenas como narcotraficantes, e em algumas imagens se percebe, que o chefe da guerrilha tem fotos do Che Guevara em seu escritório, o que de forma subliminar, mostra o povo latino americano, com um potencial violento e destrutivo. O filme não mostra o que o Estados Unidos fez pra que aquilo ocorresse, o filme não mostra o Bogotasso ( fato histórico colombiano, onde soldados da ditadura colombiana financiada pelos E.U.A, viram os canhões para o povo revoltado, e disparam, matando milhares de pessoas, aonde muitos se revoltam, e alguns deles acabam criando a guerrilha mais famosa da américa latina: As Farc.).O filme ainda faz apologia à traição, quando a mulher do líder guerrilheiro, aponta o marido na tela do computador do serviço de inteligeência americano, mas no final ela acaba indo pro lado dele, e morrendo pela causa.
È incrível como os Estados Unidos, faz questão de mostrar o seu lado bonzinho, consegue iludir o povo que os assiste, pois enquanto eu torcia pros colombianos guerrilheiros, a minha mina me perguntava como eu podia torcer pro mal. É minha gente, um dia eles nos enganaram, e continuam enganando, mas pelo menos eu, já consigo detectar as maldades deles, e tenho o poder de reproduzir aqui pra vocês. É isso mesmo, abaixo ao Arnold Schuwazenegger, VIVA O CINEMA BRASILEIRO VERDADEIRO.