31.10.08

Cinema Brasileiro e Cinema U.S.A

Duas faces, duas faces totalmente diferentes. Assim eu enchergo os cinemas Brasileiro e Estadunidense ( americanos todos nós somos). O cinema Brasileiro, quando não tem a Globo Filmes envolvida, faz produções bastante reflexivas como o filme antigo que assiste ontem, na tv Brasil, o nome do filme é " Nos embalos de Ipanema " e mostra o lado podre das praias cariocas, e como não poderia deixar de ser, o lado podre também da burguesia. Em contra partida, assiste hoje cedo o filme " Torre Gêmeas" e como não poderia deixar de ser, foi mais um lixo americano, tá certo que a história é verídica, fala do 11 de setembro, das torres que cairam, das pessoas que morreram, mas por quê então eles não mostram o sofrimento da mãe iraquiana, vendo o filho com as duas pernas amputadas e uma orelha decepada, ou a filha estuprada por soldados americanos? Por quê não é conveniente claro. Fica logo abaixo pra vocês a biografia dos dois filmes, mostrando que os filmes brasileiros feitos de forma séria, causam bem mais reflexão do que os estadunidenses.

Nos embalos de Ipanema

Entre 1977 e 1982 o diretor, produtor e roteirista Antônio Calmon deve ter batido alguma espécie de recorde, pois dirigiu uma dezena de longas-metragens, a maioria deles obras-primas do cinema popular brasileiro. Quando finalmente teve seu estouro de bilheteria com “Menino do Rio” e a continuação “Garota Dourada”, Calmon podia se orgulhar de ter assinado trabalhos infinitamente melhores, mesmo que àquela altura obscuros para o novo público que lotava as salas em busca de odes ao surfe e à geração saúde.Em 1978, por exemplo, o tema do surfe já aparecia em “Nos Embalos de Ipanema”, com a típica verve calmoniana, o que traduz-se por certa irreverência (além de uma dose grande de subtextos) no trato da linguagem cinematográfica. Logo, é urgentemente necessário que se mapeie os trabalhos do diretor e se restabeleça a ponte autoral entre eles, já que além de filmes notáveis, Calmon deixou um estilo, uma assinatura que ninguém mais conseguiu repetir desde então.“Nos Embalos de Ipanema” discorre, como em “Terror e Êxtase”, sobre a eterna luta de classes e a tensão decorrente do choque entre dois pólos conflitantes. De um lado, o garotão suburbano Toquinho (André de Biase, dublado) viaja de trem todo dia, saindo de Marechal Hermes para pegar onda em Ipanema. Do outro, o beautiful people ipanemense, que trata o rapaz de forma blasé e irônica, até que descobre que ele pode ser um inocente útil.É preciso uma leitura do cotidiano social da cidade para que a história seja melhor percebida. A praia iguala todos, ricos e pobres, que têm o direito de freqüentá-la até a hora em que vão embora e cada um, claro, se enfie de volta no seu mundinho.Nesta dinâmica, Toquinho conhece Patrícia (Zaira Zambelli), literalmente uma patricinha do bairro, que se oferece ao rapaz pobretão. Como não pode sustentar o caso, Toquinho aceita a ajuda de Das Bocas (Roberto Bomfim), intermediário de rapazes para homossexuais grã-finos e coroas. Das Bocas apresenta Toquinho a André (Paulo Vilaça), um gay de meia-idade que escuta discos da cantora Maysa enquanto serve paella valenciana ao garoto.Transversal à trajetória de Toquinho temos a de Verinha (Angelina Muniz), namorada do rapaz, que também se desloca de Marechal Hermes para a Zona Sul, onde trabalha em uma imobiliária cujo lema é “Venha viver no mundo maravilhoso de Ipanema”. Quando Toquinho passa a viver com André, ignora a amiga suburbana pelas ruas do bairro chique.Toquinho, deslumbrado, vai se enchendo de uma onipotência infantil que lhe custará caro. E o experimentado André tem o pleno domínio da situação – afinal, está em seu meio, manipulando um forasteiro. Toquinho tira dinheiro de André e gasta com Patrícia, boates e uma prancha nova. Quando a situação deixa de ser confortável basta a André dar o flagrante no pupilo, denunciando-o para os pais da garota, que como era esperado, se apavoram em vê-la envolvida com um michê.O pai e a mãe de Patrícia (Mauro Mendonça e Jacqueline Laurence) derramam lamúrias típicas de classe-média, enquanto a garota diz a Toquinho o que realmente pensa dele: “Tem milhões de garotinhos iguais a você por aí, sacou? (...) Fazendo qualquer negócio para subir na vida e um dia ter uma família ipanemense igual essa minha. (...) Você não passa de um babaquinha se vendendo por aí, a praia está lotada de você”. E o pai de Patrícia vira para o vizinho André com a ironia conciliadora: “O senhor que é feliz, é bicha, não tem mulher nem filha!”.Regalam-se todos e sobra o intruso, mandado pastar, de preferência longe dos limites da vizinhança. Mas passado o choque de realidade, adaptando-se melhor ao “embalo”, Toquinho descobre que a ex-namorada Verinha também está “se virando” e temos a promessa de um empreendedor final feliz.A legenda, antes dos créditos inicias, traz a letra da música de Tim Maia, “Sossego”: “Ora Bolas/ Não me amole / Com esse papo/ De Emprego/ Já Falei/ Não Estou Nessa/ O que eu quero/ É sossego”. E se os fins justificarão os meios, Toquinho e Verinha mandam a moral burguesa para as cucuias e sabem que corpos jovens e atraentes o suficiente são a premissa para que o jogo não termine – e assim, poderem se manter de pé nas ondas do paradisíaco bairro.

Torre Gêmeas

Sinopse: A história verídica do resgate e da heróica luta pela sobrevivência de dois policiais – John McLoughlin e Will Jimeno – que acabaram presos nos destroços do World Trade Center, no fatídico 11 de setembro de 2001, após entrarem no prédio para ajudar pessoas a escapar. O filme também acompanha o drama dos seus familiares, que tentam descobrir o que havia acontecido com os dois, e da equipe de resgate que os encontrou sob os escombros e os tirou de lá. A história desses personagens reais mostra como a coragem e a solidariedade das pessoas colocaram-se acima dos trágicos eventos daquele dia.

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