31.3.10

Lua de São Jorge por Caetano Veloso

Esse vídeo é muito bonito, o escritor, cantor e compositor Caetano Veloso, cantando Lua de São Jorge, num show em Roma. Bom, tá certo que um livro do Caetano Veloso, com o meu salário eu não consigo comprar, mas que o cara é inteligente pra caramba, isso é. Sem contar, que estou lendo o livro do Caetano, Letra só, que contém 180 letras dele durante toda a sua carreira, além de um livro em separado explicando algumas delas. O que vale mesmo é curtir a poesia da letra e da música. É nóis.

28.3.10

Ditadura, Polícia que bate em quem ensina, não policia ninguém.

Tropa de Choque atira contra professores, com balas de borracha, gás de pimenta, bombas de efeito moral e cassetetes.

Me desculpe os admiradores da Polícia Militar, mas eu queria saber qual a desculpa deles agora. Sim pois a desculpa da polícia sempre foi, que são caçadores de bandidos e marginais ( e prendem somente bandidos!? será!?). Professores que são mal pagos pra ensinar, são atacados por policiais que são mal pagos, pra perseguir quem ousa lutar contra as mazelas e as injustiças do sistema governamental do nosso estado e país.
A velha pergunta do grupo Titâs ainda se mantêm viva: Polícia, para quem precisa?
É triste, mas também já passei por isso, estava numa quermesse de rua na vila Missionária, e pobre se divertindo, no nosso estado, também é crime. Os homens da tropa de choque invadiram o local, com bombas de gás lacrimogênio, gás de pimenta e balas de borracha. Eu que sou muito bobo, sai correndo é claro, se não já viu, eles iam passar por cima, com tudo.
Lamentável, e sabemos quem são os culpados, os mandantes de tudo isso, e quem sente prazer em reprimir professores, me desculpe, mas não tem inteligência.

27.3.10

Conversas ou brigas, pouco importa

- Magalhães, como assim que flores? as que você me deu semana passada, não se lembra.
- Na verdade não querida, mas foi por causa do dia das mulheres né, parabéns viu.
- Presta atenção Magalhães, não brinca com isso, nosso casamento está indo por água abaixo Magalhães, presta atenção.
- Tá bom, to aqui parado, pode falar, que você quer?
- Um pouco de atenção, só isso.
- Ah agora você quer atenção, é isso? A vinte anos quando nos casamos, você queria conforto, uma casa boa, um carro pra andar. Quando nos casamos, você não queria homem duro do seu lado, queria só finezas, coisas chiques, pra se contrastarem com sua infinita beleza, não é mesmo? Pois bem querida Dona Simone, você tem seu maldito conforto, agora pode me deixar trabalhar?
- Magalhães, eu, eu, eu,
- Quer a separação, é isso Simone, é isso?
- Magalhães, solte o meu braço está machucando, os meninos podem escutar...
- Então pare com suas crises infernais, tá ok, to de saco cheio da suas picuinhas, nhé, nhé, nhé, conversinha pra boi dormir, agora minha querida esposa deixa, seu querido marido, trabalhar?
- Tudo bem, vou pro quarto, se lembra do nosso quarto, aquele que tantas vezes trocamos carícias, aquele que eu sempre me entreguei pra ti, de corpo e alma, aquele que sempre te chamei de meu amor?
- Lembro sim, fica ali depois do quarto da Paty, no final do corredor, precisa de um guia turistico pra te acompanhar até lá?
- Preciso de um marido menos ignorante, bruto e imbecil!
- A próxima vez que me ofender dessa maneira, vai se arrepender.
- Sério, to pouco me lixando.
- Vá a merda Simone, me dá um tempo.
- Me dá um tempo você, me dá um tempo você tá...

Simone começa a chorar desesperadamente, e a tacar objetos de porcelana na direção de Magalhães, ele se esquiva como pode.

- Para sua maldita, me respeita.

Um dos objetos de porcelana, acerta o supercílio de Magalhães, que começa a sangrar muito.

- Viu o que fez sua maldita, miserável, desequilibrada, eu devia quebrar a sua cara, sua nojenta.

Magalhães pega as chaves, e sai do apartamento, batendo a porta com toda força.

- Mãe o que aconteceu, por quê tá chorando?
- Não é nada Patrícia, seu pai é um bruto, ignorante, que só pensa em trabalhar, trabalhar, sair com os amigos, e esquece que eu ainda sou a esposa dele.
- Homem, mãe, a gente tem que usar, tem que usar e jogar fora, se não se transforma nisso ai. O papai nem dá mais atenção pra gente. Eu mesma sou assim, homem é que nem chiclete, a gente pisa, pisa, ele gruda no nosso sapato e não sai do nosso pé.
- Filha eu to falando sério, não sei mais o que faço.
- Eu sei, se veste bem, se transforma, fica bem bonita, e sai com suas amigas, assim ele vai te dar mais valor, pode apostar.
- Já tentei isso mil vezes, você sabe disso.
- Sei lá manhê, a num sei sabe, é assim, você tem que ser mais ousada, chegar e ganhar o papai com jeito, com malícia...
- Menina, olha o respeito, apesar que você tem razão, mas isso a mamãe já tentou também.

O telefone toca, e Paty vai atender em seu quarto, sua mãe continua na sala chorando.

Magalhães encosta o carro numa padaria, entra no estabelecimento, vai até o balcão e pede uma cerveja. Duas loiras sozinhas, observam ele, ele nem percebe. Magalhães pensa em acender um cigarro, mas lembra da lei do Serra, que proíbe os fumantes de fumar, desiste do ato. Magalhães chinga o governador no seu íntimo, mas se lembra do ocorrido em sua casa. Não sabe o que era, mas sua mulher não era mais a mesma, não o atraia da mesma forma de antes. Uma das loiras passam por Magalhães, pisca pra ele, e ele percebe. Ela se senta próximo dele, cruza as pernas, e o observa. Magalhães apenas a observa também, não tem reação alguma, aquele momento não estava com cabeça pra isso. A loira passa perto dele, e esbarra de propósito. Magalhães tenta se desculpar, mas a loira o intima:

- Calma, não foi nada. Você tá sozinho ai?
- To sim.
- Quer sentar com a gente naquela mesa, pra gente conversar?
- Sabe o que é, em outras oportunidades agradeceria muito mas....

A loira puxa Magalhães pelo braço, e o leva até a mesa. Ela está de mini saia, bem curta, e sua amiga também, Magalhães senta na mesa. Sem ter o que falar, Magalhães apenas ri do que as duas dizem. Passadas duas horas, e muitas cervejas, Magalhães diz que precisa ir embora. Elas o comprimentam:

- Já vai tá cedo, não quer tomar a saideira?
- Estou tomando a saideira a horas...
- Por favor só mais essa.

Magalhães olha pras coxas das loiras, e responde:

- Eu acho melhor ir pra um lugar mais adequado, o que acham...
- E tipo o quê? - uma delas diz.
- Você sabe espertinha, e então vamos?

As duas, com o rabo quente, não pensam duas vezes, e entram no carro de Magalhães. Ele avista um motel cinco estrelas. Entra dentro dele, e pede a melhor suíte do lugar. Magalhães se deixa levar, e entra no paraíso dos pecadores.

Renato Vital é escritor.

26.3.10

Poesia dedicada a Dina Di, é notícia no site Rap Nacional

Quarta-Feira na Cooperifa, dediquei uma poesia à Dina Di. Umas meninas que são repórter do site Rap Nacional me procuraram, e pediram a publicação da poesia. È claro que aceitei, e vocês podem conferir abaixo o link pro site RAP NACIONAL em que está a poesia. Detalhe a poesia foi feita a luz da lanterna do meu celular, já que na hora em que estava escrevendo a luz acabou. Superação até na hora de escrever a poesia, assim como a mina era, superação até o fim. Acompanhem:

Filha Do Rei

Sempre estará aqui em nossa mente, em nossos corações.

Sempre querendo mais despertar, revolucionar, guerrear.

E essas marcas da adolescência que se fez de inspiração para ti.

A consciência se construiu, e se formou por aqui.

Sei que sua família chorou, seus amigos choram, e vão chorar cada vez que lembrar; sua atitude, seu jeito de cantar.

Não podemos desanimar tu és Filha Do Rei e é com ele que deve estar;

Acho que é um pouco tarde para te homenagear.

Os guerreiros só viram heróis depois de passar, para essa outra vida e a eternidade alcançar.

Esteja em onde estiver esteja em paz.

Dina Di Guerreira Vamos Relembrar.



Autor: Renato Vital

23.3.10

Fiquei sabendo sábado de manhã.....

DINA DEE, A FILHA DO REI

Fiquei sabendo sábado de manhã...
Mas esperei passar um tempo, pra ter certeza que era verdade.
Poderia ser só uma mentira, eu não ligaria.
Não ligaria se tivesse sido, só uma informação errada.
Mas não, é verdade.
Dina Dee nos deixou.

Aonde você for guerreira

Vai sempre encontrar

Um grande palco florido

Pro nosso povo alegrar

E encantar

Com seus versos realistas

À todos alertar

Sabemos que tu és filha do rei.

E é com ele que deve estar

Que Deus o tenha em um bom lugar

E que esse mesmo Deus

De conforto pra sua família, seu marido, enfim todos os seus amigos e fãs.

Dina Dee, esteja em um bom lugar.





E uma música da hora que é pouco comentada:

Corpo em Evidencia

Visão de Rua

Composição: Dina Dee
Corpo em Evidencia – Visão de Rua

Era um corpo nuuuuu...queimado de sol hehey
Capa de revista ,
Exposta nas bancas ,para todos verem
Muita mulher ,na TV você ve,voce quer
Mais na hora de ver qual que é ?
Mais o que mais te dói olhar com zói .

Há a capa da playboy quem será?
A próxima tentação vou te falar
De um corpo perfeito uma mente vazia
Uma atriz pornô que interpretou uma vadia
Tem buc**** pra dar e vender
Estola ,belê ,leva uma vida de princê ,pensando o que?
Há nem sabe o que é sofrer de cherokee
Tem até jet-sky ,dinheiro é mato é so fingir
Hum !!!ai da Kelly Key se fosse feia
Hé eu vi seu pôster nu até seu c* no boi de uma cadeia
A mesma chance não teria
Cá ente nós com aquela voz e o corpo cheio de estria
O adultério é um monstro que destrói o casamento
Se não acaba fica magoa ferida por dentro ,eu só lamento
O amor não e pra covarde quem sente
Enquanto ele existir é fiel até na mente
Não deixe a confiança acabar,acabar,acabar

Muita mulher ,na TV você ve,voce quer
Mais na hora de ver qual que é ?
Mais o que mais te dói olhar com zói .

Cerca de 200 mil usuários da Internet são viciados em sites erótico

Compulsivos por sexo virtual
Uma epidemia sobre a qual ninguém fala
Contamina a alma é imoral
Afeta e muito o estado emocional
Provoca crise conjugal
Separação , traição na vida real
Lindas de ver de fazer muitos homens enlouquecer
Atras não e preciso correr elas vem ate você
Acesse o cardápio do dia
Ninfetas ,hum,bate punh**** vicia
Purifique seu pensamento dessa fome
Pornografia é antiamor uma carne podre que tantos consome

Toda aquela porra ,sexo sem limite ,Sodoma e gomorra
Espelho ,espelho meu ,existe alguém mais bela do que eu?

Fazer uma lipo ,botox ,por silicone
Usar Helena ,Rubstai ,Boticário ,Lancome
Eu seria bem mais feliz ,sem flacidez e um abdome firme ,sem cicatriz
Arrumar os dentes ,sorrir sem regime
Curtir uma praia usar um biquíni
Não tem comparação sangue bom as dançarinas do Gugu
É com essas que mal tem dinheiro pro xampu
Ate na cor toda modelo na pratica faz
Bronzeamento ,tratamentos corporais
Objetos de sedução da televisão
Com tempo cai no esquecimento , se vão
A promiscuidade não , não

2X Muita mulher ,na TV você ve,voce quer
Mais na hora de ver qual que é ?
Mais o que mais te dói olhar com zói .

Era um corpo nuuuuu...queimado de sol hehey



22.3.10

Odeio pegar busão.. vou de táxi querida.

Ai sabe, é tipo assim, eu até posso pegar ônibus, mas tem que ter ar condicionado, sem tarado te encoxando. Ontem fui com minhas amigas, naquele parque lindo, que dá bastante garoto lindo também. Só não suporto aquele velhos, jogando migalhas pros patos na beira do rio. Não suporto também aquele tipinho de gente que vai lá, que leva uma penca de filho pra passear, sei lá, essa gente deve vir dos extremos, das favelas, ah, sei lá. Falando nisso, essa maldita franjinha que fiz hoje, tá me encomodando, ai meu, fala sério. Falando em franjinha quando será que o Green Day vem pro Brasil de novo? Eu amo aqueles lindos, se bem que a franjinha do vocalista é a maior do que a do baixista, mas amo todos eles, eu daria a vida pra ficar com eles, se daria. O que não gostei ontem no parque foi aquela vadia, sim aquela vadia, que acha que é minha melhor amiga, falar que pegou o Miltinho na escola, mentirosa sem vergonha. Qualquer hora a máscara dela cai, aquela desgraçada, enquanto isso eu vou ficando, com os meninos que ela jamais vai ficar. Nossa! quem diria, o Rô fumando, não acredito?! É impossível isso meu, inacreditável sei lá.

Paty vai até a cozinha, e volta com uma taça de sorvete light na mão.

Ai voltei, que merda, a mamãe não comprou do sabor que eu gosto. Toda vez é isso, a mamãe sempre escolhe os sabores que o Hugo quer. Esse menino nunca vai sair das fraldas mesmo, só vive com esses colegas dele vagabundo. Falando nisso, ele anda estranho de um mês pra cá. Pede dinheiro toda hora pra mamãe, ligou ontem pro papai, que está em Nova York, só pra pedir um depósito. Sim, ele anda bem estranho. Só que mamãe é sonsa, não percebe nada, e eu também, to pouco me lixando pra esse moleque.
Ai não vou atender, é o Alan me ligando de novo, já falei que não quero ficar com ele, que insistência, que amolação. Na verdade quero ficar com o colega dele, que gato, uau!

Paty vai até o computador, ninguém está on line em sua lista de contatos.

Gente, o que aconteceu com minhas amigas, sumiram essas sirigaitas. Vou ligar pro Alan, quem sabe esse mané não sabe de algo legal, pra fazer hoje. Ai que dia é hoje heim, mamãe não me deu minha mesada ainda saco. Vou cobrar ela hoje, eu sei que se eu ligar pro celular dela, ela não atende mesmo. Tá vendo, caixa postal, ai saco, saco e saco! A sim, uma mensagem do Alan, deixa eu ler:

" Eu sei que você é metidinha e esnobe. Mas comigo não cola não. Só pedi a merda do seu telefone, por quê pensei que queria ficar comigo. Já que não quer, e está fazendo cú doce pra atender, então vai a merda, quero que você se foda. Até mais."

Paty coloca o edredom sobre sua cabeça, e começa a chorar desesperadamente.

Ai meu Deus, o que eu fiz, estraguei tudo. E agora, vou ficar queimada com os outros meninos do colégio. Bom pensando bem acho que não, é só colocar um decote mais atraente que eles nem ligam. Homem é que nem lata, uma chuta a outra cata. Falando nisso o Alan até que não era de se jogar fora, e agora.

- Alô Alan?
- Fala.
- Se magou comigo?
- Não, to acostumado com minas metidinhas que nem você.
- Desculpe, de verdade.
- Te desculpo sim, que tal me ver às 10 na sua rua, hoje à noite.
- Não posso, mamãe não deixa.
- Então deixa queto...
- Tudo bem vou ver o que posso fazer.
- Certo te espero lá heim.
- Tá bom, tchau gatinho.

Ai tá vendo, homem é tudo igual. Agora deixa eu me arrumar, que daqui a pouco tenho o curso Inglês pra ir. Ai que coisa, hoje vou devorar esse tal de Alan. Ah se vou.

Renato Vital é escritor.

18.3.10

Corpo espinho

Tevez abre os olhos.
Está na Enfermaria do hospital. Não se lembra de nada, a última coisa que se lembra, é que saiu pra ir a casa de Ditinho, e viu um caminhão desgovernado vindo em sua direção. Tevez fica encabulado com a presença de uma pessoa na sala. Os demais pacientes dormem, só essa pessoa e Tevez estão acordados. Tevez pergunta:



- Doutor é você?

A pessoa se vira para ele, caminha em sua direção e senta na ponta de seu leito. A pessoa não para de observar pra ele. Tevez pergunta:



- E então doutor, o que aconteceu, como é que eu vim parar aqui, o que houve, quanto tempo faz que eu estou acordado?

- Calma Rafael, se acalma. -a pessoa responde.

- Mas como assim calma, que calma, estou aqui todo enfaixado, todo quebrado e me pede calma?



Só Então Tevez percebe que a pessoa não tem crachá nem nada, e está descalça, usa uma roupa de um pano reluzente branco e não para de sorrir para Rafael um só instante.



- Perai, você não é o doutor porra nenhuma, tá descalço e usando uma roupa esquisita, da onde é você carai?

- Rafael, tu sempre foi esse menino invocado, esse menino metido a bravo e mal, mas eu sei que é apenas uma máscara, e acho que chegou a hora de ela cair.

- Que cair o quê. Você é que tem que cair fora, se não eu grito a infermeira. Falando nisso como sabe meu nome?

- Olhe pra você mesmo Rafael, é apenas um menino, não irá chamar infermeira alguma, até mesmo por quê não pode abrir a boca.



Rafael ameaça rir, das coisas que a pessoa está falando, mas é interrompido:

- Rafael tente mover a perna por favor? - diz a pessoa misteriosa.

Rafael tenta de todas as formas mover as pernas mas não consegue, tenta gritar, mas a voz sai sem força, só ai toma um choque, ao perceber que está enxergando seu próprio corpo.


- Que porra é essa, como eu posso tá enxergando a mim mesmo , eu morri?
- Não você está em coma à três semanas, sua família já te considera praticamente morto, sua namorada está andando com outro homem, àlias ela nem acha mais que é sua namorada. Seu primo Ditinho é o único que acredita na sua sobrevivência, pra ter uma idéia, sua mãe já está juntando uns trocados pra fazer seu enterro e velório.

Tevez responde aos prantos:

- Cala a sua boca, maldita alma do inferno, você não sabe nada da minha vida, some daqui maldita, quero que vá pro inferno, isso é apenas um sonho, vou acordar e ter minha vida de novo.
- Não você não irá abrir os olhos agora, ela espera por você, mas ainda não chegou o momento.
- Ela quem, ela quem?
- Alguém te acordará com uma bíblia na mão, mas não se desesperes pra saber quem é, você já a conhece. Sua vida vai mudar, mas isso só depende de você Rafael.
- Vai o caralho, isso aqui não é novela não, eu vivo na periferia, onde o bicho pegar, quem poder mais chora menos, você não entende essas fitas, é só uma alma penada, que anda por ai atormentando os outros. Devia ter ido naquela fita, agora estaria rico, estaria cheio da grana, seria o rei na quebrada.

Uma outra pessoa, interrompe a conversa, essa pessoa está insangüentada, dois furos na altura do peito, e outro na perna, ela se aproxima da pessoa desconhecida que conversa com Tevez:

- Por favor, é por aqui o caminho da luz?
- Não, mas posso te indicar onde é. - responde a pessoa desconhecida.
- Minha mãe, como vai ficar minha mãe agora!
- Calma apenas siga o caminho da luz.

Tevez entra em choque novamente, aquele era o neguinho que tinha lhe chamado no portão no dia do assalto ao banco. A pessoa desconhecida volta pra sala:

- Ele era bondoso com sua família, na certa terá um bom lugar na luz.
- Eu conheço esse rapaz, não é possível, ele é meu truta, ele morreu, não pode ser. - diz Tevez.

Tevez chora novamente.

- Calma Rafael, era a hora dele, a sua ainda não chegou, e pode até uma avalanche cair sobre a sua cabeça, que tu não irá embora ainda, tens uma missão na terra.
- Mentira, eu estou morto também, se eu sobesse teria me arriscado no assalto.
- Eu te livrei do assalto, se não agora estaria morto, ou na cadeia junto dos seus parceiros do crime.
- Então você era aquela voz, aquela voz me chamando dentro de mim?
- Sim Rafael, agora deixa eu voltar pra minha morada.
- Mas onde, onde tu moras?
- Rafael, eu gosto de ir em muitos lugares onde haja paz, mas minha morada é o seu coração, por isso te conheço, te conheço mais que você mesmo. Feche os olhos querido Rafael, você viverá!

Rafael fecha lentamente os olhos de sua alma, e volta a dormir, no estado de coma.
A pessoa desconhecida, o observa ainda mais um tempo.

Na manhã seguinte:

Ditinho entra na sala onde Tevez está internado. Deixa uma flor ao lado de Tevez, e diz baixinho no ouvido dele:

- Força parceiro, irá sobreviver, tenho fé em Deus.
A mão de Tevez aperta lentamente as mãos de Ditinho, nisso ele corre chamar o médico.

- È sério doutor, ele tocou minha mão, ele tocou e a apertou.
- Acho que o senhor teve apenas uma impressão, olha como ele dorme profundamente, deixa eu examinar ele.... é realmente ele ainda dorme, foi apenas uma impressão do senhor.

O médico se retira da sala, e Ditinho observa Tevez. Uma lágrima escorre de seus olhos. Ditinho vai até o ouvido de Tevez e diz:

- Eu sabia amigo, eu sabia que não me abandonaria agora, até logo amigo!

Ditinho deixa uma rosa, ao lado do corpo de Tevez, e se retira da sala.

Renato Vital é escritor



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16.3.10

Linha Guacuri - Jabaquara ( lotação)


Pra quem tem que pegar a linha Guacuri-Jabaquara, às seis horas da tarde, na praça do miriam, a situação tem sido dificil. Todos os dias as lotações, além de lotadas, não param nos pontos pra pegar passageiros ( pois as mesmas não conseguem acomodar mais passageiros, devida enorme lotação). Essa lotação é a única que faz esse caminho, talvez por isso a enorme lotação. A reclamação aqui, é que a prefeitura, deveria arrumar uma forma de contornar a situação, diminuindo o intervalo das lotações, ou até mesmo, criando alguma nova linha, que faça esse caminho. Os funcionários que trabalham nessas lotações, se estressam bastante nos horários de pico, ficando uma situação incomoda, tanto para o passageiro que chega tarde em casa, quanto para os funcionários, que muitas vezes ouvem reclamações que não cabem a eles. Também não estou criticando a administração das cooperativas pois sei, que não é um problema fácil de ser resolvido( se é que um dia chegará a ser resolvido), inda mais quando se trata de prefeitura de São Paulo.
Só gostaria de saber, quando é que seremos respeitados por essa prefeitura, que só aumenta o IPTU, e não resolve os problemas de transporte da cidade. A comunidade que precisa pegar essa lotação, exige melhora, espero que a prefeitura saiba contornar a situação.

Renato Vital escritor e revoltado com a situação.

13.3.10

Dinheiro, droga e fada madrinha

Hugo boy observa dentro do quarto. Sua mãe está dentro do quarto, dormindo, seu pai ainda não chegou, na certa está em algum bordel de luxo. Sua irmã foi pra balada com as amigas, e deve voltar lá pelas quatro da manhã. Hugo sente uma felicidade imensa. Retira a cápsula de dentro do bolso, joga em cima da cama, estica a carreirinha, e começa a inspirar. Mas que merda de vida era aquela, tanta gente na rua se divertindo, tanta gente nas baladas dançando, tanta gente conhecendo tanta gente, e ele, sozinho, só ele e seu pó.

Qual é o pó?
Aquele que a fada madrinha joga em volta dela, e faz com que façamos um pedido.
Qual é o pó?
Não é aquele que tiramos da cômoda suja, ou da televisão ou do que quer que seja.
Qual a razão?
Não existe razão.

Mas mesmo assim ele chama pela sua fada madrinha, e ela aparece. Se parece muito com a gostosa que viu na propoganda de cerveja da televisão.

- Olá Hugo, sou sua fada madrinha, o que deseja?
- Desejo uma família e uma vida nova.
- Isso não podes pedir pra mim garotão.
- Que tal uma chupada então, to doido de tesão por você.
- Isso também não, não sou sua prostituta, sou apenas sua fada madrinha. Todo filho de rico tem fada madrinha, esqueceu?
- Esqueci. Fodasse sua vadia, tira essa roupa.
- Hugo, calma lá, eu vim de tão longe, pra te conceder alguns pedidos, e me recebes assim.
- Essa tua cara de vadia nojenta não me engana, é a mesma cara de santinha, que as vadias lá da escola faz. Tá pensando o quê, eu quero droga! Tem droga pra nós, eu quero droga, pra mim e pros meus parceiros.
- Que parceiros Hugo, você está sozinho, só você e esse apartamento. Sua mãe te dá mesadas e seu pai sempre te dá dinheiro, por quê me pedis isso.
- Eu queria ver esses peitos grandes que você tem, mas já que você tá se fazendo de díficil, eu quero droga pra mim e pros meus parceiros, não está vendo eles sua piranha?
- Não tem ninguém aqui Hugo, só eu e você.
- Eu quero cocaína, pode me arrumar?
- Não Hugo, isso não posso te arrumar.
- Então some daqui sua vaca.

Dona Simone acorda com os gritos de Hugo, se assusta, sua casa estaria sendo assaltada? Ela grita por Hugo:

- Hugo você está bem?

Hugo não responde, entra no banheiro e fecha a porta, fica furioso, pois estava prestes a levar pra cama sua fada madrinha. Fica furioso, era tudo ilusão afinal.

- HUgo, filho, tá tudo bem ai?

Silêncio....

- Hugo tá tudo bem ai dentro?
- Não.
- Como assim não meu filho, algum problema?
- Preciso de dinheiro.
- Meu filho te arrumei cem reais, não faz nem três dias, o que está havendo?
- Preciso de dinheiro, pode me arrumar? Se não poder arrumo com o papai.
- Calma filho, só preciso saber pra que tanto dinheiro assim, isso não tá me cheirando bem.
- Vai arrumar o dinheiro?
- Vou, perai vou pegar minha bolsa.

Dona Simone fica desconfiada, mas imagina ser alguma gatinha, que Hugo esteja ficando por ai, talvez tanto dinheiro seja pra sustenar o relacionamento, afinal, as meninas de hoje em dia estão cada vez mais gananciosas.

- Tá aqui meu filho, algo mais?
- Não mãe, pode ir embora agora.
- Tudo bem, vou deixar o dinheiro em cima da escrivaninha viu, tchau.
- Tchau mãe.

Hugo sai do banheiro, pega o dinheiro em cima da escrivaninha, e sem falar nada sai pra rua. Sua mãe do quarto nem percebe, está discando no celular o número do seu funcionário exemplar: Ditinho. Hugo caminha pelas ruas, com destino certo. Agora tem dinheiro, pra o que tanto quer.

Renato Vital é escritor.

11.3.10

Osvaldo ganha na loteria

- Eita hoje é o dia, fiz uma fezinha, daqui a pouco sai o resultado, ei, o moleque, sai da frente dessa tela. Deixa eu ver se já saiu os números. Poxa é hoje que eu tiro o pé da lama, o moleque cadê sua mãe?
- Tá assistindo tv lá na sala, aquela porra de big brother. Por quê o senhor não faz o mesmo?
- Se liga, ali eu só gosto de ver as morenas de rabo empinado na piscina, falando nisso se eu ganhar hoje, era só isso que eu ia ter, viver rodeado de mulher.
- I pai , vai tomar conta da mãe, que é tua mulher. Deixa de ser mulherengo safado.
- Me respeita muleque, desde quando se tá assim, já sei, desde que começou a catar aquela vadia lá do morro né. Eu sabia você só come puta mesmo, seu depravado.
- Pai esse fedo de cachaça tá insuportável, e to vendo que se vai tomar pelé de novo, nesse bolão da dona maria da lotérica. Ela sempre da pelé nos outros. Falando nisso, me arruma dez conto ai véio?
- Pra você comer qual vadia dessa vez hahahhahahaha. Toma aqui seu pai anda muito generoso, e vou ficar ainda mais, assim que acertar essas dezenas, você vai ver.
- Duvido?
- Coloca ai na página, se eu tiver ganho, dez por cento é seu.
- O véio tá caducando já, se liga véio, se ganha porra nenhuma nesses jogos.
- Se né homem não porra, coloca ai no site da Caixa, se eu ganhar dez por cento é seu.
- Tá bom véio chato.
- Vamos ver, confere ai véio: 03-04-05-07-09-10-12-16-18-19-20-21-22-23-25. E ai pai ganhou alguma coisa.... pai? pai? pai? tá me escutando porra?
- Mãe corre aqui o pai desmaiou, mãe chama a ambulância, pela amor de Deus o pai desmaiou, corre aqui rápido.
- Que isso meu filho, se seu pai desmaiou, foi de cachaça, mas isso logo passa.
- Não mãe, ele tava são aqui batendo um papo comigo, ai quando foi conferir o jogo dele, desmaiou, o véio envergou.
- Vou pegar o alcoól, já volto.
Um minuto depois...
- Porra sonhei, que tinha ganho mais de duzentos mil reais, e vocês tão olhando o que pra mim.... Puta que pariu! To rico carai! Porra! Eu te falei! Ai meu Deus!
- Desmaiou de novo, mas pelo menos vou ter meu carro zero.... Puta que pariu, vou ter meu carro zero, vou catar todas as vadias aqui da favela, to feito meu Deus!
- Poxa vida, e agora, esses dois desmaiados, e tudo por quê o Osvaldo acertou na Loto, não sei o que tem de mais, no mínimo daria pra gente sair da favela, morar num condomínio chique, tudo do bom e do melhor, só mordomia, eu não precisaria mais custurar, enfrentar a fila do SUS, ir pra igreja a pé ou de ônibus, aguentar esse vizinho maconheiro do Tevez, pegar meu filho dando amasso em vadia na minha sala, minha filha reclamando que não tem dinheiro pra ir pra balada, pra comprar roupa, calçados, poder assistir meu bispo favorito numa tv de tela plana e cristal líquido, ter as roupas melhores e mais caras, as mulheres da igreja me invejando, e, e, e,..... Puf.

Renato Vital é escritor

10.3.10

Você voltou

Você voltou
Eu nem tinha notado sua falta
Você voltou
Não me faça dar risada
Você voltou
Eu que achei que já era lucro
Você voltou
Eu achei que já tinha ido pro reino dos pés juntos
Mas não você voltou
Voltou e teimou
Teimou em tirar a vaga de alguém mas sagaz
Teimou em tirar a vaga de alguém mas Tenaz
Você voltou
Com seu biquinho e seus selinhos
Você voltou, teimou e voltou
E eu que sonhava com algo a vista
Um programa mais realista
Vou ter que manter a tv desligada
Quando você tiver conectada
Você voltou e vou ter que ouvir mais uma vez
" Mas que gracinha!"
Mas que bela porcaria
Você voltou
E eu que já tinha me acostumado
Em não ver mais uma abobrinha
Você voltou e eu fui
Desliguei a tv e fui ler um livro
Hebe Camargo.

5.3.10

Não quero virar memória

Porra mano, que é que aquele mané veio me falar?! Eu sou homem carai, fodasse o resto, o assalto a banco vai trazer o meu progresso.
Eu vou nessa missão, preciso dessa grana, essa fita vai me tirar da lama.

" Eu quase acreditei que o crime seria a saída, pros problemas que eu tinha pra desgraça da minha vida... "

De qualquer forma eu vou pra ação, daqui a pouco os parceiros cola na parada, tá tudo em cima, não tem como fraquejar de última hora. Minha mina vai me dar mais atenção, ela vai ter tudo do bom e do melhor. Meu futuro filho, não vai ser que nem os moleque aqui da quebrada, joelho ralado e canela cinzenta, meu filho vai ter tudo o que eu não tive.

" ...Cuzão de cherokee não vai rir nem aplaudir, o meu pulso algemado, nem me ver no IML..."

- Alô Ditinho, é hoje irmão, tá tudo em cima, não tem como dar errado. Vou pro arrebento mano.
- Mano pensa bem cara, graças a minha mina eu parei com as fitas, graças ao amor eu parei com as fitas, graças a tudo que é há bom na vida, eu parei com isso.
- Conversa de jão do carai a sua, no final da contas, se vai terminar é assim mesmo, passar a vida inteira trampando de Office-boy, sustentando a mulher os filhos, e no final da vida, vai vender tapioca na pracinha ou vai vender churrasquinho pros pinguço. Eu quero a boa carai, depois dessa quem sabe eu paro, ou então eu posso investir. Como investidor eu sou bom, compro dois quilos de maconha e dois de farinha, vou ser patrão. Quem sabe eu te arrumo uma vaguinha, nos meus negócios, ai você também tira o pé da lama.
- Para com essas conversas rapaz, a vida dá voltas, não se ilude, que você vai acabar é dando dor de cabeça pra sua mãe, ou então com terra nos zóio.
- Vou o carai, o lá, tão me chamando no portão, agora já era jão, vou partir pra ação, que Deus me ajude.

Tevez coloca a 765 na cintura, pega a chave da sua moto, e alguém chama a sua voz:

- Tevez, Tevez, Tevez, Tevez....

Alguém chama seu nome desesperadamente, ele não reconhece a voz, mas percebe que a voz vem de dentro de si.

- Tevez, tevez, tevez.
- Quem é carai?
- Seu coração, eu ainda pulso dentro de você.
- Não é possível mano, acho que foi a maconha que eu fumei ontem, tá fazendo efeito ainda....
- Tevez cuidado com as falsas amizades, elas vão te arrastar!
- Puta que pariu mano, será que o Ditinho tá certo mano, eu nunca senti esse barato.

Tevez coloca a cabeça pra fora do barraco. Dois malucos de moto, dois carros e muita disposição o esperam, álias, na favela o seu conceito era 100%, não poderia ramelar no último instante. Mas ramelou.

- Aê pessoal, algo está me dizendo que isso vai dar zica, e eu... não vai dar pra eu ir não.
- Eai cara, para com essa besteira do caralho, virou cuzão agora, pipocou vacilão.
- Não é isso mano, é que não vai dar tá ligado, meu sexto sentido tá me dizendo.
- Se tá errado mano, sua vida vai mudar, se liga, se vai se montar, você merece, sempre quiz isso, e lutou, não vai deixar a peteca cair agora né.
- Sem chance mano, eu sei que é mancada e pá, mas não vai dar, vão com Deus vocês, que eu sigo meu caminho aqui.
- Que caminho cara, logo mais se tá roubando outro lugar, tá com medo por que a fita é grande, mas ai, a gente tá com pressa, e não é por causa de um otário que nem você que a gente vai parar, falou mané.

Tevez engoliu a seco os insultos, sentou numa cadeira, e sem entender o por quê, lágrimas cairam de seus olhos, e se sentiu mais leve. Doeu mais que um tapa na cara, ser tirado de pipoca, mas doeu menos que um tiro de fuzzil. Tevez ainda pensou em ir atrás dos manos, mas a palavra já tinha voltado, e perderam a confiança nele. Antes de pensar qualquer outra coisa, um verso, de um grupo de RAP que ele gostava, invadiu seu barraco:

" Não quero virar memória, nem ficar pra história, a minha vida vale mais que uma simples tragetória..."

Tevez pensou em sua mãe, em sua mina, na mina que esbarrou no dia anterior, sua mente entrou em confusão. Pegou as chaves da moto e saiu. Acelerou até a casa de Ditinho, tinha que conversar com ele, pra rever sua vida.

Renato Vital é escritor.

Esse eu escrevi em homenagem ao grupo A286, em especial ao mano Moisés A286. Esse conto não altera em nada a trajetória dos personagens.

Leia: Herman Hesse, vai fazer bem pro seu coração.

3.3.10

Cervejaria? logo eu que não bebo.

Ditinho avista a fachada da cervejaria. Belas instalações, pra belos cartões de crédito, talões de cheque especial e carteiras recheadas de grana. Um segurança avista Ditinho se aproximando, e como Ditinho tem cara de periferia, o alarme do preconceito dispara. "É feio, preto e pobre, Q.R.U à vista".
O segurança se aproxima:

- Pois não senhor, posso ajudar?
- Pode começar me arrumando uma mesa.
- O senhor já é cliente da casa?
- Não, mas não me enche o saco, eu sei que você tá perguntando isso, por causa das minhas roupas e do meu jeito, mas não se preocupe, não vou demorar nessa merda.
- Se for pra arrumar confusão, o senhor pode se retirar.
- Oras, sem problemas, vem me tirar.

Quando o segurança partia pra cima de Ditinho, dona Simone chegou, e ai a conversa mudou de figura e de molde:

- Pois não senhora, estamos tendo um problema com esse cidadão, ele por acaso é seu amigo?
- Sim é meu amigo. Me acompanhe Ditinho.

Dona Simone estava impecável, tomou um banho de loja e passou amanhã inteira no cabelereiro.

- Nossa a senhora está linda, tudo isso pra uma simples conversa?
- Você é especial pra mim Ditinho, mas antes de mais nada, vamos nos sentar.
- Sim claro.

O segurança permanece na porta, e não para de encarar Ditinho, o que não acontece com Dona Simone, o garçom se aproxima e pergunta:

- E então o que vai ser hoje?
- Duas taças de chopp por favor, e uma porção de... o que você quer Dito?
- Num sei, a senhora quem sabe, o que vier agradeço de coração.
- Agora sim tenho certeza, você é realmente encantador, garçom traga as duas taças de chopp e a melhor porção que tiver.
- Sim senhora.

Dona Simone olha pra Ditinho, com um olhar que ele já conhece, mas não se atreve a comentar. Uma ligação e Dona Simone atende:

- To aqui no trabalho, resolvi fazer um extra hoje, sim, sim, eu sei que tá tudo bem. Beijos tchau. Era o Magalhães, com a mesma conversinha torta de sempre.
- Tá tudo bem entre vocês dois?
- Tudo péssimo Ditinho, foi pra isso mesmo que eu te chamei aqui. Sabe as coisas não vão muito bem em casa. Isso não tem nada haver com seu serviço, mas tenho uma outra proposta pra te fazer.
- Outra proposta, do que se trata, um horário novo, um cargo novo?
- Mais ou menos....

O garçom chega, coloca os dois chopps em cima da mesa, esfrega as mãos, pois a gorjeta seria gorda. Logo em seguida chega a porção.

- Sabe, eu to precisando de carinho, não é fácil, segunda a sexta, trabalhar naquele stress de empresa, eu to precisando... eu to precisando... eu to precisando de você.

Ditinho sente um choque, tipo uma pontada no peito, se lembra da namorada que tá em casa. Nunca havia traído ela, outras já havia traido, mas elas também não prestavam. Essa era diferente, ele a amava. Dona Simone coloca as mãos sobre as de Ditinho, que soa frio.

- E então, não vai tomar seu chopp.
- É que não sou muito de beber, mas não vou fazer desfeita não.
- Por quê não me disse, eu pedia leite pra você hahahha.
- Hahahahah, também não é pra tanto.
- E então, como que vai ser?
- Sabe dona Simone, nunca trai a Beth, não é fácil isso sabe, ela não merece, dá pra entender.
- Eu sou feia, é isso que se quer dizer?
- Não, não é isso.
- Ditinho, quem você quer enganar, vai dizer que nunca traiu ela, eu que sou besta que nunca trai Magalhães, mesmo aquele corno merecendo.
- Calma dona Simone.
- Que calma que nada, eu to conversando com você sério entende, não é palhaçada, eu preciso de você.
- Dona Simone não vai dar.
- Tudo bem se tá precisando pensar né.
- Nã.....
- Calado, nem mais uma palavra.
- Vou te dar uns dias pra pensar.

Terminaram de tomar o chopp, o garçom recebeu sua gorjeta gorda, dez reais. Na saída o mesmo segurança, tornou a encarar Ditinho, ele discretamente lhe mostrou o dedo médio. O segurança ficou bufando de raiva.

- Será que pelo menos uma carona eu posso te dar.
- Pode, sem problemas.

Dona Simone mais uma vez tornou a seduzir Ditinho, abaixando o zíper da blusa e mostrando o decote.

- Ditinho, garanto que semana que vem vai ser diferente, você vai estar mais solto, e vai topar algo diferente comigo.

Silêncio de Ditinho. Ditinho desce do carro de Dona Simone, e antes de ele tomar o rumo de sua casa, ela ainda diz piscando os olhos:

- Pensa com carinho tá, até.
- Até mais, obrigado pela carona.

Ditinho vai pra casa, pensando no ocorrido, e pensando em sua namorada.

Renato Vital é escritor.