12.2.10

Rui sonha, e acorda pra vida.

Sargento, cabou as balas!
Como assim cabo, como assim cabaram as balas!
Cabaram as balas sargento oras...
E gastaram aquele arsenal todo com quem...
Mas que pergunta Sargento? Com eles oras...
Entendi, tudo bem, vá no batalhão e consiga mais munição.
E o que faço com aquele corpo ali?
Oras jogue no esgoto, isso não é problema meu, álias nem meu, nem nosso hahahahhah.

- Não por favor! Tirem as mãos de mim, eu preciso é de um hospital, nãoooo....

Rui acordou assustado com o sonho, também pudera, ontem quando estava voltando do campinho, ele e seus colegas tomaram enquadro da barca, e ficaram meia hora explicando pra onde iam, e tudo isso, com aquelas intimidações de sempre:

- Se mora aonde!
- Tá indo pra onde!
- Cadê o RG!
- Encosta ali vagabundo!
- Se tem pai e mãe!
- Se tem passagem!
- Se tem cara de quem já foi pra FEBEM!
- Se achar flagrante o bicho pegá pro lado de vocês!

Já não bastava Rui ter perdido o jogo, agora tinha que dar explicações pros fardados, da onde vinha, pra onde ia, e o que fazia ali aquela hora... Bom eram seis da tarde, eles só podiam estar ali secando gelo, ou talvez esperando algum pneu de trem pra calibrar... Mas ele respondeu uma coisa só:

- Estamos indo pra casa senhor, eu e meus colegas.

A maior raiva dele, não era nem tanto ficar respondendo meia hora as perguntas dos policiais, era ter que chamar de senhor, um cara de 21 anos, que ingressou ontem na corporação, e acha que virou super homem, por que está fardado. Se lembrou de um cara da quebrada, Ernesto, que prestou concurso, e depois que passou no concurso sumiu.

Um dia ele trombou com ele no centro, estava sem farda, Rui olhou pra sua cara e pela expressão do rosto de Ernesto, percebeu que ele havia o reconhecido, mas mesmo assim, não lhe deu sequer oi.
Voltando ao enquadro, Rui e seus colegas, depois de muito lenga, lenga, amolação e outras coisas mais, foram liberados com a mesma piadinha de sempre: a próxima vez que nós se trombar, vai ser diferente heim, vocês tão enrascado.

Sua irmã abre a porta de seu quarto, e diz:

- Rui mais tarde eu vou sair, vou na casa do Ditinho, e vê se arruma pelo menos sua cama, seu moleque vagabundo.

- Eu vou arrumar minha cama, enquanto você vai furunfunfar com o Ditinho, vou um caralho, arruma você.
- Olha, cala sua boca seu idiota, me respeita, sou sua irmã imbecil.
- Tá bom, Tá bom!

Rui mecheu numa sacola em baixo da cama, viu o dvd que pegou emprestado com seus colegas. Não via a hora de sua irmã sair, pra ele assistir o novo dvd pornô que pegou. Tinha alguns escondidos em baixo de sua cama, mas já eram todos repetidos, então tinha que renovar. Ligou a televisão e começou assistir os desenhos japoneses e americanos, que passam toda manhã na tv.

Renato Vital é escritor.

2 comentários:

Vera disse...

Deponho as armas e abraço meu coração com as suas veleidades de poeta e suas artimanhas e armadilhas que só quem sente saudades conhece.
meu novo hotmail e gmail:donagata82@gmail.com e hotmail.com se quizer me add. beijos e saudades

Jéssica Balbino disse...

Nego, vc ta arrasando com os textos..não vejo a hora deles virarem livros e de poder trabalhar a tua literatura nos meus projetos ! Nóisquetá
bjo