23.5.09

Não aponta o dedo

Não aponta o dedo

Por Renato Vital

Madrugada fria, e não tem desculpa, não tem choro, não tem pela amor de Deus, ou levanta pra trabalhar ou vai se ver com o patrão. O patrão também acorda cedo, se ele que é patrão levantou cedo, você não pode fazer diferente. O trabalhador não tem escolha, o patrão as vezes também não tem escolha, o presidente muitas vezes não tem escolha, e quem escolhe então?
O patrão acorda cedo, por quê sabe que tem pagar os funcionários, ele sabe que tem pagar imposto, ele sabe que se não pagar as contas os agiotas, vão ligar pra ele, o patrão sabe que precisa vender, o patrão as vezes não queria, mas é obrigado a pagar pouco, por que é pouco que lhe sobra, mas muitas vezes o patrão também fica com a parte mais gorda do lucro.
O empregado sai de casa todo dia, rumo ao trabalho, seu descanso é temporário, o tempo menor, talvez o sábado e domingo, ou só o domingo, ou uma folga por semana, ou cinco folgas por mês. Hora extra quase não existe mais, é só banco de horas, tudo controlado pelo sindicato.
O patrão chega em casa e liga a televisão, o empregado chega em casa e liga a televisão, um assiste futebol, o outro também, o empregado pega sua camisa pirada do time do coração, o patrão pega sua camisa do time do coração é oficial, mas comprou na promoção.
Ninguém aponta o dedo pra ninguém, no mundo social assim é melhor, na sociedade em que vivemos nada se pode apontar, nem o lápis que o menino não quer usar, o futebol é mais atraente que a prova de matemática.
Na televisão algumas pessoas são apontadas como culpadas, temos obras super faturadas, temos big luxo, casas na praia, a propaganda de turismo pro empregado soou como piada, enquanto a mulher do patrão fez uma indaga, interrogou o esposo:

Pra que praia vamos no próximo recesso?

O patrão pensa sozinho, "não vou pra praia, se julho for lucrativo". A patroa adivinhando o pensamento do patrão solta uma exclamação: " pensando em trabalhar nas férias de novo, não cansa não é". O patrão tenta dizer alguma coisa, mas é novamente abduzido pela propaganda que mostra cerveja e praia.
Quem abre livro pra ler no país do carnaval? O patrão se preocupa com o lucro, o empregado com o salário no final do mês, e o livro fica dando sopa pra quem?
Algum estudante quer saber de Dante, enquanto mal sabe da sua origem.
Os livros vão empoerando em alguma estante, empregaram o espanador e o aspirador de pó e só, ou será que eles um dia vão ser percorridos, com suas páginas já amareladas, mas que trazem palavras claras e precisas sobre o mundo que vivemos!

Deixa pra lá, se alguém apontar o dedo, dedos seram apontados, mas o que a gente sabe, é que o lucro virá novamente e as contas também, e o empregado ficara com o quê, não sei lhe dizer!

Um comentário:

Robson Canto disse...

Foragido da justiça lança livro de ficção

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