4.4.10

Pessoa Desconhecida

- Oi.
- Oi.
- Andas preocupado?
- Bom, sim, um pouco, é com o meu amigo sabe.?
- Sei sim, o conheço. É aquele que está internado no Hospital Saboya, não é mesmo.
- Sim, eu não confio naquele hospital, não confio em hospital nenhum, esse sistema falido do caralho, eu não confio! Não confio de jeito nenhum, eles não vão salvar meu amigo.
- Eles talvez não... Mas eu já sei que ele vai se salvar.
- Eu também acredito nisso, mas é díficil sabe?
- Sei sim, sei como é díficil acreditar, naquilo que você não viu, mas pode acreditar, em dois dias ele estará de pé falando com vocês.
- Tenho medo.
- Medo por quê, logo você que é corajoso, já se aventurou em situações tão dificeis, eu lhe conheço bem Benedito.
- Como sabe meu nome?
- Isso não interessa agora.
- Como não interessa, esse lugar aqui pertence a mim, essas àrvores, esses campos, esses rios, essas flores, todo esse gramado, tudo isso pertence a mim, como adentrou em minha propriedade?
- Isso aqui não é seu, não foi você quem criou, você apenas habita esse lugar.
- Mas eu não deixo ninguém entrar aqui, ninguém que eu não conheça.
- Tudo bem Benedito, já vim, já deixei a mensagem. Só gostaria de fazer um pedido antes de partir.
- Qual?
- Quando tudo estiver bem, quando tudo já estiver definido e decidido, numa noite calma, peço que olhe pro céu. Você me verá, e eu terei isso como um sinal de positivo, de que tudo está bem.
- Não, nem tudo está bem. A namorada do Tevez tá traindo ele, aquela vagabunda. Tá namorando com um amigo dele, aquele pilantra safado, Judas traidor, sem vergonha. Mas eu já armei pros dois, no pagode que terá sexta-feira. Meu oitão tá até a boca carregado, os dois vão pagar por tudo o que estão fazendo.
- Guarde a espada na bainha filho de Deus criador. Guarde seu ódio pra seus verdadeiros inimigos. Eles terão o que merecem, mas isso não é você quem vai definir. Mas já que achas que violência é o melhor caminho, vá em frente, você tem o livre arbítrio.
- Sim, eu vou, isso não vai passar batido.
- Tudo bem, já vou indo, mas antes fique com essa mensagem: " O maior segredo está na vida, não procures desvendar segredos do outro mundo, o verdadeiro mistério está aqui!".

Ditinho abriu os olhos, levantou de sua cama, foi até a geladeira pegar um copo d` água, sentou-se numa cadeira. Dormiu assim que chegará do serviço, teve até um sonho, mas não se lembrava direito dele. Só se lembrava de algumas palavras, alguém dizendo que seu primo estaria entre eles em dois dias. Ditinho ajoelhou-se frente a imagem de nossa senhora, e fez uma oração. Foi até a gaveta do guarda-roupa, pegou o celular, discou o telefone da sua namorada. Ela atendeu, e ficaram conversando durante um bom tempo.

Renato Vital é escritor.

Um comentário:

DANILO. disse...

Da hora em tio, cada vez melhor as historias do Ditinho, parabens irmao.