15.6.08

Nepotismo

Após assistir uma matéria no jornal da record de prefeitos que depois de eleitos, distribuem cargos pra parentes, em algumas cidades, resolvi escrever esse texto, que explica de forma humorada, a situação que acontece no nosso país. Isso acontece ainda hoje em muitas cidades no Brasil. E de forma humorada resolvi abordar esse tema, que ainda acontece muito pelo Brasil.


Nepotismo

Jovenal Antunes tinha um sonho de moleque.
Ser prefeito da sua cidade, no interior Mineiro.
Cresceu observando os coronéis, tidos como prefeitos, dar cestas básicas e dentaduras, em troca de votos nas urnas, em sua maioria, por cabresto.
Também acompanhou a época do militarismo, e toda a sua repressão pelo Brasil inteiro.
Jovenal já tinha tendências políticas desde cedo.
Se a bola em que seus colegas estavam jogando, furava, ele logo fazia campanha pra compra de uma bola nova, e o melhor, comprava sempre nas lojas que o favoreciam em algo, seja com descontos, seja com doces e balas.
Na sua casa, vivia subindo em cima da cadeira, e fazendo discursos, que irritava seu pai, dizendo que política era coisa de ladrão, e político por político, deviam ir todos pra cadeia.
Mas ele protestava: Mas pai, a gente precisa comprar cadeiras novas, se não como as visitar vão se sentir confortáveis na nossa cozinha, e o nosso sofá, é preciso fazer uma reforma nele, pra que assim possamos assistir a televisão num ambiente agradável e sossegado.
O pai de Jovenal apenas balançava a cabeça e saia do recinto.
E assim Jovenal foi crescendo, já na escola, era aquele que saia a frente nos grêmios, era sempre o chefe da turma. Ja na faculdade conseguiu o que queria, se filiou a um partido que tanto gostava, e começou dali pra frente, a elaborar suas metas, seus planos de governo.
Jovenal, apenas observava seus adversários, esperava um erro, pra atacar eles, e os candidatos de sua cidade não eram muitos não, apenas dois, um era quase que um prefeito eterno, e o outro o eterno rival do prefeito eterno. Jovenal foi tentando a sorte, primeiro como vereador, na segunda vez como vereador ganhou, e na terceira vez foi além, se candidatou a prefeito de sua cidade.
Logo a cidade estava tomada pelos bochichos, que o Jovenal era candidato a prefeito, e pela sua enorme popularidade, foi crescendo seu ibope.
No dia das eleições Jovenal Antunes estava em sua casa, apreensivo, pois as pesquisas de boca de urna apontavam empate! Quando é 10:30 da noite, sai o resultado, vitória com curta de diferença de Jovenal sobre seus dois adversários.
A festa foi muito grande, fogos foram soltados, finalmente o sonho de Jovenal estava realizado, iria governar sua cidade, aquela pequena cidade do interior mineiro.
A notícia se espalhou, e logo vieram parentes e vizinhos, o felicitá-lo pela sua nova conquista, agora era prefeito de sua cidade.
Mas sabemos que na política, sempre à espaço pra mais um, e assim sem perceber, e nem ao menos notar, logo alguns parentes seus já tomavam alguns cargos na prefeitura.
Tudo corria normal no seu mandato, que o fazia trabalhar dobrado agora.
Mas o que Jovenal não sabia, era que a população estava de olho, no que estava acontecendo, alguns cargos na prefeitura, estavam sendo ocupados por parentes seus.
Logo a notícia correu, tão rápida quanto quanto ele foi eleito, e começaram os protestos:

Justiça em ação! Nepotismo aqui não!

E assim Jovenal tinha que aguentar as cobranças, e as acusações que vinham de todos os lados, que segundo a população, ele estaria fazendo nepotismo. O caso foi parar na justiça. E continua perdurando até hoje, e a população da cidade acabou percebendo, que política é complicada, mas sempre à espaço pra mais um.

Renato Vital escritor e poeta, escreve no site http://www.rapnacional.com.br/

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