22.8.08

Virei Ladrão na Av Consolação.

Antes do texto de hoje, gostaria de responder pro mano da Favela do Paquistão, ( que eu sei bem quem é né não vagabundo!) A moça se não me engano tava saindo da favela, que nem eu, ai atravessou a rua e começou a andar na calçada oposta da rua. Ai os dois bunda mole, tentaram enquadrar ela. Mas é isso mesmo, roubar trabalhador é uma falta grave. Espero que esses manos se liguem, ou então logo logo, vão encontrar o deles. Bom vamos ao texto de hoje:

Virei ladrão na Av Consolação ( e olha que não tive que prestar concurso, nem vestibular pra isso)

Avistei ele em frente da padaria, tinhamos combinados à dez minutos atrás que iriamos na consolação resolver aquele assunto. Logo ele atravessou a rua, e venho ao me encontro dizendo:

- Como sempre atrasado.
- Foi mal mano, acabei confundindo os horários.
- Desculpa esfarrapada da porra, mas tudo bem, vamos ai.

Entramos no ônibus, sentido metrô Jabaquara, e fomos até o local marcado conversando:

- Eai mano e tal grupo como tá?
- Ah tá mais ou menos.
- E o RZO voltou.
- Lógico, tá cantando com o Brown, o blue.

E assim em diante.

Fizemos baldiação pra linha verde, onde tem as estações de metrô bonitinha, para os playboys. Ou talvez eles capricharam demais pra pobre. Vai saber. Dentro do metrô ligo o celular, e começo a escutar " mente do vilão" do Brown, Pixote e Du bronks. Já preparados pro compromisso, saímos do metrô e subimos as escadas rolantes, lotado de gente saindo do trabalho. Lá estavamos nós, Avenida Paulista, o primeiro mundo no meio do terceiro. O lugar preferido das patricinhas, dos playboys e dos viados. Lugar aonde gente humilde, vai pra trabalhar de peão pra patrão folgado.

- Então mano, é Av Consolação.
- Isso mesmo.
- Vamos lá então.

Vinte minutos depois, nada de encontrar o local marcado, passamos em frente ao tribunal de Justiça, que fica exatamente em frente ao Cemitério da Consolação . Agora sei por quê a justiça está morta. Decidimos perguntar à algum pedestre, onde ficaria o lugar, que nós marcamos o compromisso. Eu inocentemente, fui até um pé de breque que estava saindo do tribunal de justiça, e tentei perguntar pra ele. Ele começou a andar rápido, e a fazer gestos de surfista com a mão, bem ao estilo de receio, preconceito e discriminação mesmo, talvez com nossas roupas. Virei ladrão na Consolação sem querer, só pelo espelho, que acho que sem querer, acabei refletindo. Deixamos o pé de breque pra trás e fomos perguntar pra um motoboy sentado na moto. Esse sim foi firmeza ( gente humilde), e falou que não sabia ao certo, mas que o número que estavamos procurando ficava mais pra cima. Conseguimos achar o lugar, e visitamos o centro cultural popular, onde está se desenvolvendo alguns projetos sociais, inclusive pra Hip-Hop. Preconceito no Brasil ainda existe, e pra se transformar em ladrão periculoso, basta estar próximo ao Higienópolis, Avenida Paulista etc, e perguntar algo pra alguém na rua. Eles não dão informação e saem quase que correndo, pela nossa cor, pela nossa roupa, ou pela nossa origem. Pra essa raça, eu só tenho a oferecer o boicote, de estar escrevendo essas linhas, que eu sei que hoje talvez, não possa surtir grande efeito. Mas quem sabe no futuro, eles não irão chorar comigo, não roubando ou matando, e sim como professor de história com livros na mão, ensinando meus alunos, como transformar esse pais de forma justa e igualitária. Paz pra nós.

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