Bom! Na linguagem da malandragem, não tem nem assim, nem assado. È papo reto, por que segundo eles, papo de homem não faz curva. Tevez sabia disso, e enquanto manipulava sua 765, pensava no assalto que fariam semana que vem. Porra ia ser muito dinheiro, daria pra comprar uma hornet, uma goma da hora na favela, e quem sabe realizar seu sonho: casar-se com Daiane.
Daiane era o tipo de mulher desinteressada. Toda vez que ele chegava na casa dela, estava deitada no sofá assistindo aqueles programas da tarde, que sempre falavam de fofocas inúteis de pseudos-artistas. Ele namora com ela, desde que terminou com sua ex-namorada, uma vagabunda sem escrúpulos, que sempre tentava o apunhalar pelas costas. Iam completar um ano e meio de namoro no próximo mês, ele estava tentando continuar com ela, pois sonhava se casar com ela. Uma dia Ditinho zoou com ele:
- Eai vagabundo, que deu em você, casar!? - Você está louco, nunca foi disso.
- Que nada mano, vagabundo também ama, tá ligado.
- E quem disse que se ama essa mina?
- Num sei mano, to tentando descobrir.
Tevez ouve alguém lhe chamar no portão de sua casa, Olha por uma fresta em sua porta, só ai abre a porta.
- Eai mano, é amanhã a fita, o patrão perguntou se tá tudo em cima da sua parte?
- Com certeza, pode pá que é o seguinte mano, vai dar tudo certinho parceiro.
- Olha lá heim mano, malandro que é malandro não dá pra trás não ei tio.
- To ligado, pode ficar de boa.
- Firmeza, agora dá licença ai certo tiozão, tenho que resolver umas fitas ali embaixo.
- Suave irmão, vai nessa.
- Certo.
Tevez fecha a porta; vai até a geladeira; um vazio imenso; fecha a geladeira pega sua carteira, e vai até a padaria, comprar pão, leite e umas cerveja pra acalmar cerveja.
Caminhando pela calçada escuta uma gritaria ali perto, não era nem seis horas e já tinha começado. Agora isso acontecia três vezes ao dia e nunca falhava.
A igreja Benção da quebrada estava lotada, os negócios estavam prósperos para o pastor Seu Dízimo. Abrira a igreja não faziam nem seis meses, e como era insistente, os fiéis aumentavam cada dia mais. Seu dízimo gritava no culto: - Irmãos, o inimigo atenta, sejam fortes, leiam a bíblia, verão que a igreja proverá. E após as palavras de Seu dízimo a euforia do povo era tremenda: Ohhhh Glória!!! Aleluia irmão!!! Tá amarrado o inimigo!!!! Misericórdia!!!!!
Toda essas coisa passariam batido pra Tevez, se não fosse uma coisa que marcaria sua vida pra sempre. Vinha caminhando pela calçada, e não viu uma moça que vinha do sentido oposto, os dois se esbarraram, tropeçaram e cairam no chão:
- Olha pra onde anda caralho!
- Olha você ignorante imbecil!
Quando Tevez a encarou, ficou pálido, nunca tinha vista uma mulher tão linda em sua vida. Pediu lhe desculpas, e na seqüencia tentou balbuciar algumas palavras, mas elas não saiam.
- Tudo bem moço, está desculpado.
A moça saiu caminhando, e entrou na igreja, antes, olhou pra trás e sorriu para Tevez, um sorriso sem malícia, do tipo que te faz simpatizar na hora.
Tevez aquela noite, que antecedia o assalto não dormiu, por causa do assalto, e por causa do encontro que teve com aquela moça.
Renato Vital é escritor.
28.2.10
26.2.10
cinco dias de molho
Estarei uns três dias de molho, machuquei o meu braço. Mas logo volto com os contos de Ditinho, e também com outros posts. É nóis.
22.2.10
Hugo Boy
- Porra mano, onde se arrumou tudo isso.
- Lá perto de casa tem uma biqueira, é só descer umas vielas.
- Vichê cara, se mora na favela? mas se tem cara de boy?
- Ichê mano, tá tirando, boy é você, sua mãe é patroa, e seu pai é magnata jão.
- I cara, deixa meus coroa de lado, o assunto é entre nós dois.
- To ligado, mas num vem dar uma de canalha não, passa a grana pra cá.
- Grana é o que não falta meu irmão, tá aqui ó, cinqüenta reais.
- Assim que eu gosto, até mais playboy...
- Playboy não mano, eu dou um duro danado na vida também.
- Que duro vacilão? Se faz natação, Judô, Inglê e Espanhol, tem shopping center todo final de semana, tem roupa de marca e os carai, se liga mané, você é playboy mesmo.
- Calma, calma irmão, não quiz ofender e tal.
- Calma um carai, sabe quem limpou a merda que você cagava? as tiazinhas, tipo as que tem na quebrada, que limpa bunda de rico. Sabe quem limpa o apartamento duplex que você mora? Pessoas que nem minha mãe, que trabalharam a vida inteira, pra manter o conforto de rico, playboy filho da puta, e agora, não tem se quer um fusca pra andar, isso quando tem o que comer. Então playboy, usa essa porra desse pó, vê se me erra, e se caso quiser mais, liga no meu celular, sacou?
- Calma brother, se tá acelerado hoje, tá nervoso, se acalma ai...
- Brother o caralho, num sou seu irmão, não sou irmão de vacilão que nem você.
- Tá certo então, tirou o dia hoje pra esculachar.
- Você que começou, fica de boa na sua então, que eu tenho uma fita pra fazer ainda hoje lá na quebrada. È parada grande, não é pra qualquer otário não firmeza.
- Falou então, que agora eu vou esticar essa daqui.
- Falou mané.
Hugo boy pensa em sua mãe, Simone, que lhe criou com mimos e agrados, apesar de nem sempre lhe dar atenção, e em seu pai, um magnata que poucas vezes lhe olhou com afeto e saiu junto com ele pra brincar no parque. Hugo se lembra também de sua irmã, estava virando uma vadia que nem aquelas minas, que tinham em sua escola.
Hugo se lembra de sua vida, cheia de compromissos, mas que ele sentia tão vazia.
Estica uma carreira de cocaína, afina a carreira com um cartão, e com uma nota de dez enrolada no formato de um canudo, começa a inspirar o pó pra suas narinas. Ele inclina a cabeça pra trás, e agora parece estar em outro mundo. Hoje resolveu usar sozinho, a maioria de seus colegas, que usavam com ele, muitas vezes só queriam se aproveitar de sua boa vontade.
Hugo ainda tinha uma tarde pela frente, eram apenas três horas, e ele já estava completamente alucinado. No final das duas cápsulas que usou, estava brisado, se escorou numa parede, e ficou olhando pro teto, tentando encontrar respostas para as suas mais complicadas perguntas.
Saiu do local onde estava, e começou a caminhar pelas ruas, daquele bairro nobre, caminhou a tarde inteira sem eira nem beira. Quando se deu conta já eram sete horas da noite, hora de voltar pra casa, tomou o rumo de casa. Seus pais ainda não estariam lá, só sua irmã, mas ela ficava grudada no telefone o tempo inteiro, falando asneiras com suas amigas, ou então, falando abobrinha com algum macho.
Chegou em casa, passou pelo quarto de sua irmã, que estava pendurada no telefone, entrou no seu quarto, pegou seu mp12 e começou a escutar rock´roll no último volume.
Hugo queria mais, qual desculpa dar agora: " Mãe, a professora pediu um trabalho de última hora, me arruma vinte reais. " ou então " Mãe, preciso comprar um tênis novo.".
A última opção não era muito boa, pois ela poderia querer comprar no cartão, e no cartão não daria pra comprar o pó. Reco-Reco com certeza lhe mandaria tomar no cú, se pedisse fiado. Viu a mochila da irmã jogada em cima do sofá, a espreitou dentro do quarto, estava só de calcinha e sutiã, com a bunda empinada e falando besteiras com as amigas. Hugo achava sua irmã atraente, mas sempre que vinha esse pensamento na cabeça dele, ele virava o rosto e pensava em outra coisa.
Aproveitou que sua irmã estava distraída, e começou a fuçar na mochila dela. Enfim conseguiu o que queria, achou dez reais no bolso exterior da mochila, escondeu os dez reais, caminhou lentamente até o seu quarto e fechou a porta. olhou a nota de dez reais e vibrou por ter conseguido, o dinheiro pro pó do dia seguinte.
Renato Vital é escritor.
- Lá perto de casa tem uma biqueira, é só descer umas vielas.
- Vichê cara, se mora na favela? mas se tem cara de boy?
- Ichê mano, tá tirando, boy é você, sua mãe é patroa, e seu pai é magnata jão.
- I cara, deixa meus coroa de lado, o assunto é entre nós dois.
- To ligado, mas num vem dar uma de canalha não, passa a grana pra cá.
- Grana é o que não falta meu irmão, tá aqui ó, cinqüenta reais.
- Assim que eu gosto, até mais playboy...
- Playboy não mano, eu dou um duro danado na vida também.
- Que duro vacilão? Se faz natação, Judô, Inglê e Espanhol, tem shopping center todo final de semana, tem roupa de marca e os carai, se liga mané, você é playboy mesmo.
- Calma, calma irmão, não quiz ofender e tal.
- Calma um carai, sabe quem limpou a merda que você cagava? as tiazinhas, tipo as que tem na quebrada, que limpa bunda de rico. Sabe quem limpa o apartamento duplex que você mora? Pessoas que nem minha mãe, que trabalharam a vida inteira, pra manter o conforto de rico, playboy filho da puta, e agora, não tem se quer um fusca pra andar, isso quando tem o que comer. Então playboy, usa essa porra desse pó, vê se me erra, e se caso quiser mais, liga no meu celular, sacou?
- Calma brother, se tá acelerado hoje, tá nervoso, se acalma ai...
- Brother o caralho, num sou seu irmão, não sou irmão de vacilão que nem você.
- Tá certo então, tirou o dia hoje pra esculachar.
- Você que começou, fica de boa na sua então, que eu tenho uma fita pra fazer ainda hoje lá na quebrada. È parada grande, não é pra qualquer otário não firmeza.
- Falou então, que agora eu vou esticar essa daqui.
- Falou mané.
Hugo boy pensa em sua mãe, Simone, que lhe criou com mimos e agrados, apesar de nem sempre lhe dar atenção, e em seu pai, um magnata que poucas vezes lhe olhou com afeto e saiu junto com ele pra brincar no parque. Hugo se lembra também de sua irmã, estava virando uma vadia que nem aquelas minas, que tinham em sua escola.
Hugo se lembra de sua vida, cheia de compromissos, mas que ele sentia tão vazia.
Estica uma carreira de cocaína, afina a carreira com um cartão, e com uma nota de dez enrolada no formato de um canudo, começa a inspirar o pó pra suas narinas. Ele inclina a cabeça pra trás, e agora parece estar em outro mundo. Hoje resolveu usar sozinho, a maioria de seus colegas, que usavam com ele, muitas vezes só queriam se aproveitar de sua boa vontade.
Hugo ainda tinha uma tarde pela frente, eram apenas três horas, e ele já estava completamente alucinado. No final das duas cápsulas que usou, estava brisado, se escorou numa parede, e ficou olhando pro teto, tentando encontrar respostas para as suas mais complicadas perguntas.
Saiu do local onde estava, e começou a caminhar pelas ruas, daquele bairro nobre, caminhou a tarde inteira sem eira nem beira. Quando se deu conta já eram sete horas da noite, hora de voltar pra casa, tomou o rumo de casa. Seus pais ainda não estariam lá, só sua irmã, mas ela ficava grudada no telefone o tempo inteiro, falando asneiras com suas amigas, ou então, falando abobrinha com algum macho.
Chegou em casa, passou pelo quarto de sua irmã, que estava pendurada no telefone, entrou no seu quarto, pegou seu mp12 e começou a escutar rock´roll no último volume.
Hugo queria mais, qual desculpa dar agora: " Mãe, a professora pediu um trabalho de última hora, me arruma vinte reais. " ou então " Mãe, preciso comprar um tênis novo.".
A última opção não era muito boa, pois ela poderia querer comprar no cartão, e no cartão não daria pra comprar o pó. Reco-Reco com certeza lhe mandaria tomar no cú, se pedisse fiado. Viu a mochila da irmã jogada em cima do sofá, a espreitou dentro do quarto, estava só de calcinha e sutiã, com a bunda empinada e falando besteiras com as amigas. Hugo achava sua irmã atraente, mas sempre que vinha esse pensamento na cabeça dele, ele virava o rosto e pensava em outra coisa.
Aproveitou que sua irmã estava distraída, e começou a fuçar na mochila dela. Enfim conseguiu o que queria, achou dez reais no bolso exterior da mochila, escondeu os dez reais, caminhou lentamente até o seu quarto e fechou a porta. olhou a nota de dez reais e vibrou por ter conseguido, o dinheiro pro pó do dia seguinte.
Renato Vital é escritor.
Homenagem ao B.B.B. por Antônio Barreto
Alerta: não assista big brother, leia um livro.
Homenagem ao B.B.B
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
Autor: Antonio Barreto, Cordelista natural de Santa Bárbara-BA, residente em Salvador.
19.2.10
Como explicar....
- Ditinho?
- Eu mesmo quem tá falando?
- Sou eu Ditinho... a Simone.
- Que! Iche deixei algum serviço pra trás ontem! Se entende né Dona Simone? Sexta-feira é correria, e também tinha uma festa pra eu ir com minha namorada e tal...
- Nada disso Benedito, ou melhor, Ditinho....
- Então, não entendo, e tá tão cedo, olha só, são só seis e meia da manhã... Não que eu esteja reclamando, é uma honra atender a senhora e...
- Calma Dito, não é nada disso.
- E então, posso ajudar a senhora no quê?
Silêncio do outro lado da linha.
- Dona Simone, alô.
Soluços e um choro agudo do outro lado da linha.
- Não deixa, desculpa por ter te incomodado tão cedo assim.
- Fala... se eu poder ajudar a senhora?
- Ditinho, para de me chamar de senhora, senhora tá no céu, não é?
- Nâo sei...
- hahahhahhaha, você é tão encantador, tão engraçado, e também é dedicado...
Ditinho acha que está pirando, aquela mulher jamais se quer lhe tinha olhado direito, e agora lhe falava mil e um elogios, na verdade, Ditinho estava meio confuso, se fosse um sonho, daqui a pouco acordaria.
- Obrigado pelos elogios senhora, mas ainda não entendi, no que posso ajudar a senhora...
- Você já está me ajudando Ditinho...
- Como assim...
- È sei que não deveria me abrir assim com você, que não é íntimo meu nem nada mais... não tenho tido ninguém pra conversar francamente assim, sabe, e você é tão humilde, e apesar do rosto meio sofrido, é tão acolhedor, tão franco sabe...
- Já que o problema é conversar, não estava com muito sono mesmo, apesar de ter passado a noite com minha namorada, acabei de levar ela em casa e...
- E ai estava bom? vocês se amaram muito?
- Que?!
- Ai desculpa, acho que é melhor eu desligar, talvez seja os comprimidos que eu estou tomando pra dormir, que estão me deixando assim, tão franca.
- Não tudo bem, se a senhora precisar pode desabafar...
- Hoje às 16 horas na cervejaria Almeida, está bom pra você?
- Que?!
- É isso que está ouvindo, preciso desabafar, preciso te ver, te olhar nos olhos, te tocar, de alguém pra me compreender...
- Senhora é... a gente sei lá, pode conversar entende, é o que eu posso fazer pela senhora entende?
- Entendo, então está marcado?
- Sim senhora.
- Então já vou marcar um salão, pra estar bem bonita pra você, digo, pra conversar com você.
- Pra mim tudo bem, só vejo minha namorada as oito.
- Ditinho, dá pra parar de pensar nela só um instante?
- Que senhora, não entendi?
- Desculpe, tenho certeza que é o remédio, combinado então, hoje ás 16, na Cervejaria Almeida, você sabe onde é né, deixa eu desligar, que parece que o Magalhães está acordando, beijos viu até lá. TU TU TU TU TU TU.
Ditinho não entende absolutamente nada do que ouviu, e do que marcou com dona Simone, mas não era bobo nem nada, sentiu certa maldade no ar. Colocou a cabeça no travesseiro, e veio na sua memória as pernas bem torneadas de dona Simone, fechou os olhos, e mais tarde estaria na cervejaria Almeida, ainda sem saber o que se passaria.
Ditinho adormece, enquanto a favela acorda pra mais um dia de labuta.
Renato Vital é escritor.
- Eu mesmo quem tá falando?
- Sou eu Ditinho... a Simone.
- Que! Iche deixei algum serviço pra trás ontem! Se entende né Dona Simone? Sexta-feira é correria, e também tinha uma festa pra eu ir com minha namorada e tal...
- Nada disso Benedito, ou melhor, Ditinho....
- Então, não entendo, e tá tão cedo, olha só, são só seis e meia da manhã... Não que eu esteja reclamando, é uma honra atender a senhora e...
- Calma Dito, não é nada disso.
- E então, posso ajudar a senhora no quê?
Silêncio do outro lado da linha.
- Dona Simone, alô.
Soluços e um choro agudo do outro lado da linha.
- Não deixa, desculpa por ter te incomodado tão cedo assim.
- Fala... se eu poder ajudar a senhora?
- Ditinho, para de me chamar de senhora, senhora tá no céu, não é?
- Nâo sei...
- hahahhahhaha, você é tão encantador, tão engraçado, e também é dedicado...
Ditinho acha que está pirando, aquela mulher jamais se quer lhe tinha olhado direito, e agora lhe falava mil e um elogios, na verdade, Ditinho estava meio confuso, se fosse um sonho, daqui a pouco acordaria.
- Obrigado pelos elogios senhora, mas ainda não entendi, no que posso ajudar a senhora...
- Você já está me ajudando Ditinho...
- Como assim...
- È sei que não deveria me abrir assim com você, que não é íntimo meu nem nada mais... não tenho tido ninguém pra conversar francamente assim, sabe, e você é tão humilde, e apesar do rosto meio sofrido, é tão acolhedor, tão franco sabe...
- Já que o problema é conversar, não estava com muito sono mesmo, apesar de ter passado a noite com minha namorada, acabei de levar ela em casa e...
- E ai estava bom? vocês se amaram muito?
- Que?!
- Ai desculpa, acho que é melhor eu desligar, talvez seja os comprimidos que eu estou tomando pra dormir, que estão me deixando assim, tão franca.
- Não tudo bem, se a senhora precisar pode desabafar...
- Hoje às 16 horas na cervejaria Almeida, está bom pra você?
- Que?!
- É isso que está ouvindo, preciso desabafar, preciso te ver, te olhar nos olhos, te tocar, de alguém pra me compreender...
- Senhora é... a gente sei lá, pode conversar entende, é o que eu posso fazer pela senhora entende?
- Entendo, então está marcado?
- Sim senhora.
- Então já vou marcar um salão, pra estar bem bonita pra você, digo, pra conversar com você.
- Pra mim tudo bem, só vejo minha namorada as oito.
- Ditinho, dá pra parar de pensar nela só um instante?
- Que senhora, não entendi?
- Desculpe, tenho certeza que é o remédio, combinado então, hoje ás 16, na Cervejaria Almeida, você sabe onde é né, deixa eu desligar, que parece que o Magalhães está acordando, beijos viu até lá. TU TU TU TU TU TU.
Ditinho não entende absolutamente nada do que ouviu, e do que marcou com dona Simone, mas não era bobo nem nada, sentiu certa maldade no ar. Colocou a cabeça no travesseiro, e veio na sua memória as pernas bem torneadas de dona Simone, fechou os olhos, e mais tarde estaria na cervejaria Almeida, ainda sem saber o que se passaria.
Ditinho adormece, enquanto a favela acorda pra mais um dia de labuta.
Renato Vital é escritor.
16.2.10
Eu queria ter uma casinha branca...
" Eu queria ter na vida simplesmente um lugar de mato verde, pra plantar e colher. Eu queria ter na vida, uma casinha branca, um quintal e uma janela, para ver o sol nascer"...
- Eita som muito loko, queria que você tivesse aqui pra curtir todos esses momentos. Desde que começou a andar com os caras lá do morro, você passou a frequentar menos minha goma, e a me ligar menos. Aqueles rolês que a gente fazia, você tomando breja e eu um refrigerante, se tá ligado, nunca fui de beber muito, só bebo cerveja quando estou muito feliz com alguma coisa.
Ditinho fala essas palavras, está sozinho, com uma foto na mão, onde está com seu primo Tevez, os dois cheios de lama, logo após um jogo na várzea, e uma vitória fácil, também quem poderia segurar aquele ataque, ganhavam só de goleada. Uma vez saiu briga, mas depois que o tonhão chegou pra apartar a briga, todos o respeitaram, era muito querido na comunidade. Tevez era o mais briguento de todos, do tipo do amigo, que briga mas te defende com a vida se for preciso, Tevez era assim... mas agora estava ocupado planejando um assalto a banco, que faria junto com os sujeitos mal encarados que moravam no morro. Ditinho lembra da ex mina de Tevez, que volta e meia se jogava pra ele, queria transar com ele de qualquer maneira, mas a amizade entre os dois era mais forte, e um belo dia Ditinho o chamou de canto e disse com todas as palavras:
" Mano eu sei que se ama a Rafaela, mas ela não é uma mina de confiança, pode ficar com raiva de mim, mas ela não passa de uma vagabunda, e vai acabar fazendo mal pra você!"
Na mesma hora Tevez partiu pra cima de Ditinho, aos socos e pontapés, os dois rolaram ladeira abaixo, Ditinho só se defendia de Tevez, que era forte, mas menor que Ditinho. A coisa só não piorou por quê seu Manoel, o pai de pai de Tevez entrou no meio da briga. Nisso, a rua já estava lotada, mas ninguém se atreveu a separar a briga, só mesmo seu Manoel. Logo depois chegaram os irmãos de Tevez, que eram menos apegados com Ditinho, mas que o respeitavam como primo, Tevez ficou aos gritos:
- Seu traidor, filho da puta, arrombado, eu vou te matar, some da quebrada se não vou te catar seu miserável, talarico desgraçado.
Nesse dia, Ditinho não se abalou, entrou dentro de casa, tomou um copo d´àgua ligou a televisão e começou a assistir. Nessa época ainda morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, mas eles não estavam em casa. Naquela mesma noite Tevez se arrependeria de sua atitude, pegou a vagabunda da Rafaela dando em cima do Rodriguinho, um pagodeiro famoso na quebrada. Tevez não fez nada, esperou ela descer pela viela onde morava, a pegou pelos cabelos, lhe jogou na parede e lhe bateu muito, ela tinha medo dele, não disse nada, apenas chorava e lhe pedia perdão, ele aos berros nem a ouvia.
A familia dela queria dar parte dele na delegacia da mulher, mas Rafaela apesar de tudo, sabia que estava errada, pediu pra que ficasse por isso mesmo.
Tevez ficou duas semanas sem jeito de chegar em Ditinho pra lhe agradecer. Sabendo do ocorrido Ditinho se aproximou dele num sábado a tarde, ele estava distraído, e lhe deu o maior tapão nas costas perguntando: Eai vagabundo, anda sumido?
Tevez mandou ele se fuder, mas logo estavam conversando, e Tevez se desculpando pelo ocorrido.
Pensando em tudo isso Ditinho adormeceu, e torcia pra que Tevez desistisse do assalto, aquilo iria dar merda.
Em quanto isso num bairro nobre da cidade:
- O Ditinho não atende, sei que hoje é domingo e é folga dele mas preciso falar com ele. - Dona Simone desiste e deixa o telefone de lado, mais tarde tentaria de novo.
Renato Vital é escritor.
- Eita som muito loko, queria que você tivesse aqui pra curtir todos esses momentos. Desde que começou a andar com os caras lá do morro, você passou a frequentar menos minha goma, e a me ligar menos. Aqueles rolês que a gente fazia, você tomando breja e eu um refrigerante, se tá ligado, nunca fui de beber muito, só bebo cerveja quando estou muito feliz com alguma coisa.
Ditinho fala essas palavras, está sozinho, com uma foto na mão, onde está com seu primo Tevez, os dois cheios de lama, logo após um jogo na várzea, e uma vitória fácil, também quem poderia segurar aquele ataque, ganhavam só de goleada. Uma vez saiu briga, mas depois que o tonhão chegou pra apartar a briga, todos o respeitaram, era muito querido na comunidade. Tevez era o mais briguento de todos, do tipo do amigo, que briga mas te defende com a vida se for preciso, Tevez era assim... mas agora estava ocupado planejando um assalto a banco, que faria junto com os sujeitos mal encarados que moravam no morro. Ditinho lembra da ex mina de Tevez, que volta e meia se jogava pra ele, queria transar com ele de qualquer maneira, mas a amizade entre os dois era mais forte, e um belo dia Ditinho o chamou de canto e disse com todas as palavras:
" Mano eu sei que se ama a Rafaela, mas ela não é uma mina de confiança, pode ficar com raiva de mim, mas ela não passa de uma vagabunda, e vai acabar fazendo mal pra você!"
Na mesma hora Tevez partiu pra cima de Ditinho, aos socos e pontapés, os dois rolaram ladeira abaixo, Ditinho só se defendia de Tevez, que era forte, mas menor que Ditinho. A coisa só não piorou por quê seu Manoel, o pai de pai de Tevez entrou no meio da briga. Nisso, a rua já estava lotada, mas ninguém se atreveu a separar a briga, só mesmo seu Manoel. Logo depois chegaram os irmãos de Tevez, que eram menos apegados com Ditinho, mas que o respeitavam como primo, Tevez ficou aos gritos:
- Seu traidor, filho da puta, arrombado, eu vou te matar, some da quebrada se não vou te catar seu miserável, talarico desgraçado.
Nesse dia, Ditinho não se abalou, entrou dentro de casa, tomou um copo d´àgua ligou a televisão e começou a assistir. Nessa época ainda morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, mas eles não estavam em casa. Naquela mesma noite Tevez se arrependeria de sua atitude, pegou a vagabunda da Rafaela dando em cima do Rodriguinho, um pagodeiro famoso na quebrada. Tevez não fez nada, esperou ela descer pela viela onde morava, a pegou pelos cabelos, lhe jogou na parede e lhe bateu muito, ela tinha medo dele, não disse nada, apenas chorava e lhe pedia perdão, ele aos berros nem a ouvia.
A familia dela queria dar parte dele na delegacia da mulher, mas Rafaela apesar de tudo, sabia que estava errada, pediu pra que ficasse por isso mesmo.
Tevez ficou duas semanas sem jeito de chegar em Ditinho pra lhe agradecer. Sabendo do ocorrido Ditinho se aproximou dele num sábado a tarde, ele estava distraído, e lhe deu o maior tapão nas costas perguntando: Eai vagabundo, anda sumido?
Tevez mandou ele se fuder, mas logo estavam conversando, e Tevez se desculpando pelo ocorrido.
Pensando em tudo isso Ditinho adormeceu, e torcia pra que Tevez desistisse do assalto, aquilo iria dar merda.
Em quanto isso num bairro nobre da cidade:
- O Ditinho não atende, sei que hoje é domingo e é folga dele mas preciso falar com ele. - Dona Simone desiste e deixa o telefone de lado, mais tarde tentaria de novo.
Renato Vital é escritor.
12.2.10
Rui sonha, e acorda pra vida.
Sargento, cabou as balas!
Como assim cabo, como assim cabaram as balas!
Cabaram as balas sargento oras...
E gastaram aquele arsenal todo com quem...
Mas que pergunta Sargento? Com eles oras...
Entendi, tudo bem, vá no batalhão e consiga mais munição.
E o que faço com aquele corpo ali?
Oras jogue no esgoto, isso não é problema meu, álias nem meu, nem nosso hahahahhah.
- Não por favor! Tirem as mãos de mim, eu preciso é de um hospital, nãoooo....
Rui acordou assustado com o sonho, também pudera, ontem quando estava voltando do campinho, ele e seus colegas tomaram enquadro da barca, e ficaram meia hora explicando pra onde iam, e tudo isso, com aquelas intimidações de sempre:
- Se mora aonde!
- Tá indo pra onde!
- Cadê o RG!
- Encosta ali vagabundo!
- Se tem pai e mãe!
- Se tem passagem!
- Se tem cara de quem já foi pra FEBEM!
- Se achar flagrante o bicho pegá pro lado de vocês!
Já não bastava Rui ter perdido o jogo, agora tinha que dar explicações pros fardados, da onde vinha, pra onde ia, e o que fazia ali aquela hora... Bom eram seis da tarde, eles só podiam estar ali secando gelo, ou talvez esperando algum pneu de trem pra calibrar... Mas ele respondeu uma coisa só:
- Estamos indo pra casa senhor, eu e meus colegas.
A maior raiva dele, não era nem tanto ficar respondendo meia hora as perguntas dos policiais, era ter que chamar de senhor, um cara de 21 anos, que ingressou ontem na corporação, e acha que virou super homem, por que está fardado. Se lembrou de um cara da quebrada, Ernesto, que prestou concurso, e depois que passou no concurso sumiu.
Um dia ele trombou com ele no centro, estava sem farda, Rui olhou pra sua cara e pela expressão do rosto de Ernesto, percebeu que ele havia o reconhecido, mas mesmo assim, não lhe deu sequer oi.
Voltando ao enquadro, Rui e seus colegas, depois de muito lenga, lenga, amolação e outras coisas mais, foram liberados com a mesma piadinha de sempre: a próxima vez que nós se trombar, vai ser diferente heim, vocês tão enrascado.
Sua irmã abre a porta de seu quarto, e diz:
- Rui mais tarde eu vou sair, vou na casa do Ditinho, e vê se arruma pelo menos sua cama, seu moleque vagabundo.
- Eu vou arrumar minha cama, enquanto você vai furunfunfar com o Ditinho, vou um caralho, arruma você.
- Olha, cala sua boca seu idiota, me respeita, sou sua irmã imbecil.
- Tá bom, Tá bom!
Rui mecheu numa sacola em baixo da cama, viu o dvd que pegou emprestado com seus colegas. Não via a hora de sua irmã sair, pra ele assistir o novo dvd pornô que pegou. Tinha alguns escondidos em baixo de sua cama, mas já eram todos repetidos, então tinha que renovar. Ligou a televisão e começou assistir os desenhos japoneses e americanos, que passam toda manhã na tv.
Renato Vital é escritor.
Como assim cabo, como assim cabaram as balas!
Cabaram as balas sargento oras...
E gastaram aquele arsenal todo com quem...
Mas que pergunta Sargento? Com eles oras...
Entendi, tudo bem, vá no batalhão e consiga mais munição.
E o que faço com aquele corpo ali?
Oras jogue no esgoto, isso não é problema meu, álias nem meu, nem nosso hahahahhah.
- Não por favor! Tirem as mãos de mim, eu preciso é de um hospital, nãoooo....
Rui acordou assustado com o sonho, também pudera, ontem quando estava voltando do campinho, ele e seus colegas tomaram enquadro da barca, e ficaram meia hora explicando pra onde iam, e tudo isso, com aquelas intimidações de sempre:
- Se mora aonde!
- Tá indo pra onde!
- Cadê o RG!
- Encosta ali vagabundo!
- Se tem pai e mãe!
- Se tem passagem!
- Se tem cara de quem já foi pra FEBEM!
- Se achar flagrante o bicho pegá pro lado de vocês!
Já não bastava Rui ter perdido o jogo, agora tinha que dar explicações pros fardados, da onde vinha, pra onde ia, e o que fazia ali aquela hora... Bom eram seis da tarde, eles só podiam estar ali secando gelo, ou talvez esperando algum pneu de trem pra calibrar... Mas ele respondeu uma coisa só:
- Estamos indo pra casa senhor, eu e meus colegas.
A maior raiva dele, não era nem tanto ficar respondendo meia hora as perguntas dos policiais, era ter que chamar de senhor, um cara de 21 anos, que ingressou ontem na corporação, e acha que virou super homem, por que está fardado. Se lembrou de um cara da quebrada, Ernesto, que prestou concurso, e depois que passou no concurso sumiu.
Um dia ele trombou com ele no centro, estava sem farda, Rui olhou pra sua cara e pela expressão do rosto de Ernesto, percebeu que ele havia o reconhecido, mas mesmo assim, não lhe deu sequer oi.
Voltando ao enquadro, Rui e seus colegas, depois de muito lenga, lenga, amolação e outras coisas mais, foram liberados com a mesma piadinha de sempre: a próxima vez que nós se trombar, vai ser diferente heim, vocês tão enrascado.
Sua irmã abre a porta de seu quarto, e diz:
- Rui mais tarde eu vou sair, vou na casa do Ditinho, e vê se arruma pelo menos sua cama, seu moleque vagabundo.
- Eu vou arrumar minha cama, enquanto você vai furunfunfar com o Ditinho, vou um caralho, arruma você.
- Olha, cala sua boca seu idiota, me respeita, sou sua irmã imbecil.
- Tá bom, Tá bom!
Rui mecheu numa sacola em baixo da cama, viu o dvd que pegou emprestado com seus colegas. Não via a hora de sua irmã sair, pra ele assistir o novo dvd pornô que pegou. Tinha alguns escondidos em baixo de sua cama, mas já eram todos repetidos, então tinha que renovar. Ligou a televisão e começou assistir os desenhos japoneses e americanos, que passam toda manhã na tv.
Renato Vital é escritor.
11.2.10
N.S.N ( negro sempre negro)
Hoje eu vim aqui falar pra vocês, desse grupo de Rap lá do Capão Redondo, N.S.N. Esse grupo dos manos PX, Jota B e aliados, tem características próprias e um estilo próprio também. Um estilo que me parece, que foi inspirado no gangsta RAP, assim como outros grupos do cenário do RAP Nacional ( Facção Central, Racionais Mcs, Realidade Cruel etc. A primeira vez que assisti uma apresentação desses manos, foi no show da favela godoy em 2007, mas uma proximidade maior com o trabalho, veio quando, os manos Jota B e Px começaram a frequentar assiduamente a Cooperifa. E pode acreditar que os manos são respeito total, e levam a sério a caminhada, com seriedade e profissionalismo. È isso ai, acompanhe mais do grupo, nessa reportagem abaixo do movimento enraizados e nos vídeos:
NEGROS SEMPRE NEGROS
O Grupo Negros Sempre Negros (N.S.N) foi fundado em setembro de 1996, no Capão Redondo e se propõe a trabalhar as problemáticas do dia-a-dia de sua comunidade e as discriminações que ocorrem com o negro no Brasil. Após 13 anos de surgimento e algumas mudanças, ele soma três integrantes: Jota B, Mano PX e DJ Fantasma.
Esse grupo integra a família “Guerreiro Nato” ao lado de Conexão Sul, Forma de Expressão, TR Nação Ó e Gladiadores mc´s. Juntos, essa trupe organiza eventos no estado de São Paulo, tentando assim aproveitar todo o cenário proporcionado pelo Hip Hop.
O N.S.N conta com o apoio de Mano Brown, : Racionais mc´s, Detentos do Rap, Consciência Humana, Negredo, Sabotagem e RZO, com os quais já fez diversos shows.
Por que montar um grupo de Rap?
O fato de ser de uma periferia pesou na formação? Para revolucionar é preciso estar bem acompanhado e equipado. O fato de ser da periferia não pesou na formação pelo contrário, o que não mata fortalece. Qual o
ponto de ligação dos integrantes, uma vez que são histórias diferentes que conseguiram se encontrar no Rap? que histórias são essas?
O ponto deligação é o rap,o Jota B, fundador do grupo, tinha por objetivo vencer e sempre fez por onde para que isso acontecesse. Nessa trajetória nos encontramos num show no Jardim Angela Odéias, eu entrei pra o time vindo de um grupo que estava acabando “Realidade de Periferia”.
Você disse que um dos objetivos do grupo é vencer nesse cenário. Como você vê o cenário do Rap nacional?
O cenario do rap nacional é composto de muitos rapper´s de ponta e se quiser vencer entre eles tem que ser bom. Uns tem o talento e outros á sorte.
Em 12 anos de formação, como é a realidade que retratam nas músicas? mudou algo?
Nossas musicas retratam a realidade, tanto o que é bom como o que é de ruim na quebrada, enfim os dois lados da moeda. Mudar quem sabe,vencer talvez,desistir jamais.
Qual a receita para se manter um grupo por tanto tempo? Quais modificações foram feitas?
Nosso grupo ta ae até hoje devido o respeito e a lealdade e também a grande amizade isso é importante.
O que te levou a embarcar nesse universo?
O que me levou á embarcar foi o que, em 1992, eu fui no show dos racionais foi simplismente uma injeção de adrenalina na mente a parti dai eu vi que era isso que eu queria.
Em 2008, após anos de estrada, vocês lançaram o primeiro CD? Como isso ocorreu?
Em 2008 depois de muita luta e de muito esforço veio o primeiro fruto do nosso trabalho nosso cd. Todo mundo já tava cobrando da gente e numa reunião do grupo decidimos que já estava mais que na horas,foi muito bom essa sensação sem palavras.
O que tentam transmitir com o nome do grupo? Qual representação N.S.N tem na comunidade?
É muito bom o que a comunidade passa pra gente eles vestem nossa roupa,é muito gratificante tá passando e ver que eles estão ouvindo nosso som. dá um sentimento de vitória é “loko”. O nome “Negros Sempre Negros”,não veio pra colocar uma divisória entre as raças, pelo contrario sim pra ques as pessoas assumam o que realmente são. O termo pardo, moreno são apenas palavras que vieram para ludibriar a mente dos mais fracos, principalmente no mercado de trabalho. Eles te vêem como branco ou negro não tem meio termo entendeu.
Contato: Manopxnsn@hotmail.com
Vídeos
Guerreiro nato - NSN
Vê se me erra zé povinho - NSN
NEGROS SEMPRE NEGROS
O Grupo Negros Sempre Negros (N.S.N) foi fundado em setembro de 1996, no Capão Redondo e se propõe a trabalhar as problemáticas do dia-a-dia de sua comunidade e as discriminações que ocorrem com o negro no Brasil. Após 13 anos de surgimento e algumas mudanças, ele soma três integrantes: Jota B, Mano PX e DJ Fantasma.
Esse grupo integra a família “Guerreiro Nato” ao lado de Conexão Sul, Forma de Expressão, TR Nação Ó e Gladiadores mc´s. Juntos, essa trupe organiza eventos no estado de São Paulo, tentando assim aproveitar todo o cenário proporcionado pelo Hip Hop.
O N.S.N conta com o apoio de Mano Brown, : Racionais mc´s, Detentos do Rap, Consciência Humana, Negredo, Sabotagem e RZO, com os quais já fez diversos shows.
Por que montar um grupo de Rap?
O fato de ser de uma periferia pesou na formação? Para revolucionar é preciso estar bem acompanhado e equipado. O fato de ser da periferia não pesou na formação pelo contrário, o que não mata fortalece. Qual o
ponto de ligação dos integrantes, uma vez que são histórias diferentes que conseguiram se encontrar no Rap? que histórias são essas?
O ponto deligação é o rap,o Jota B, fundador do grupo, tinha por objetivo vencer e sempre fez por onde para que isso acontecesse. Nessa trajetória nos encontramos num show no Jardim Angela Odéias, eu entrei pra o time vindo de um grupo que estava acabando “Realidade de Periferia”.
Você disse que um dos objetivos do grupo é vencer nesse cenário. Como você vê o cenário do Rap nacional?
O cenario do rap nacional é composto de muitos rapper´s de ponta e se quiser vencer entre eles tem que ser bom. Uns tem o talento e outros á sorte.
Em 12 anos de formação, como é a realidade que retratam nas músicas? mudou algo?
Nossas musicas retratam a realidade, tanto o que é bom como o que é de ruim na quebrada, enfim os dois lados da moeda. Mudar quem sabe,vencer talvez,desistir jamais.
Qual a receita para se manter um grupo por tanto tempo? Quais modificações foram feitas?
Nosso grupo ta ae até hoje devido o respeito e a lealdade e também a grande amizade isso é importante.
O que te levou a embarcar nesse universo?
O que me levou á embarcar foi o que, em 1992, eu fui no show dos racionais foi simplismente uma injeção de adrenalina na mente a parti dai eu vi que era isso que eu queria.
Em 2008, após anos de estrada, vocês lançaram o primeiro CD? Como isso ocorreu?
Em 2008 depois de muita luta e de muito esforço veio o primeiro fruto do nosso trabalho nosso cd. Todo mundo já tava cobrando da gente e numa reunião do grupo decidimos que já estava mais que na horas,foi muito bom essa sensação sem palavras.
O que tentam transmitir com o nome do grupo? Qual representação N.S.N tem na comunidade?
É muito bom o que a comunidade passa pra gente eles vestem nossa roupa,é muito gratificante tá passando e ver que eles estão ouvindo nosso som. dá um sentimento de vitória é “loko”. O nome “Negros Sempre Negros”,não veio pra colocar uma divisória entre as raças, pelo contrario sim pra ques as pessoas assumam o que realmente são. O termo pardo, moreno são apenas palavras que vieram para ludibriar a mente dos mais fracos, principalmente no mercado de trabalho. Eles te vêem como branco ou negro não tem meio termo entendeu.
Contato: Manopxnsn@hotmail.com
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Guerreiro nato - NSN
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10.2.10
Paty
Paty começa mais um dia, sua mãe resolveu deixa-lá no colégio hoje.
Tomou seu café da manhã, com suco de laranja, pão com presunto, mussarela, leite com nescau, ou qualquer umas dessas mordomias que preferir. Veste seu tênis de 50 reais comprado na 25 de março, na época de natal, quando foram comprar presentes pros empregados e pros parentes chatos que sempre apareciam nessa época. Coloca o tênis Nike de 400 reais dentro da mochila, junto com o material escolar, e quase se esquece de colocar sua blusinha tomara que caia. O fato de colocar um tênis dentro da mochila, se deve pelo fato, de alguns moleques estarem roubando tênis nas imediações do colégio, ou seja, ela vestia um "tênis paraguai" pra ir, e chegando dentro do colégio trocava de tênis. E sobre a blusinha tomara que caia, ela usava assim que saia do colégio, tirava o uniforme e colocava a blusinha que cobria somente os seios. Paty apesar de ter apenas 14 anos, já tinha experimentado tudo o que é droga, extase, cocaína, maconha, injetável, heroína e principalmente àlcool, só não crack, por que sabia que era sem volta.
Certo dia a polícia colocou as mãos nela e em suas amigas, que usavam cocaína numa rua da cidade, mas quando ela falou quem era sua mãe, liberaram ela e suas amigas. Deus sabe o que teriam feito, se elas fossem da periferia.
- Paty, vamos! Já está na hora!
- To indo mãae, dá um tempo fica, fica me apressando.
Sua mãe liga o rádio do carro, que fala as notícias do dia. Ela mete a mão no rádio e coloca na playba fm, uma rádio que ela adora. Está tocando suas banda favorita, Green Day, uns caras que gostam de se maquiar, fazer franjinha, falar fino e etc, mas ela os adora. Falando nisso, a uma semana atrás, ela foi no show promovido por essa mesma rádio, e eles estavam lá, alegres e sorridentes, acenando pro público e cantando em cima de um playback vagabundo.
Um menor encosta no carro, pede um real pra sua mãe, dona Simone que não se lembrava mais do assalto sofrido, apesar que a polícia ainda investigava, mostra o dedo pro moleque em sinal de negativo, e ao mesmo tempo, entrega uma nota de cinquenta reais pra sua filha, gastar aquele dia no shopping com suas amigas. O moleque se afasta do carro.
- Se vê minha filha não basta a gente doar pro criança esperança, pro Teleton, sempre vai existir esses moleques pedindo nos faróis, por causa de pais irresponsáveis, que poem filho a torto e a direito no mundo.
- A mãe deixa pra lá, era só um moleque.
- Mesmo assim minha filha, quero que você tenha consciência dos problemas do seu país desde cedo.
- I mãe, sai pra lá com esse papo careta, tá cansando minha beleza, e nem vem dar piti, que hoje quero curtir com minhas amigas, no final das aulas.
- Esse dinheiro que te dei dá pra você se divertir?
- Ah sei lá mãe, para aqui na esquina, que eu não quero ninguém comentando no colégio, que minha mãe me leva na escola, Deus me livre já pensou.
- Tá bom tchau filha.
- Oi paty, mas que maquiagem é essa?
- Minha mãe que fica me acelerando...
- Tá bom amiga, vem cá que eu tenho umas novis pra te contar, lembra daquele gatinho de ontem e blá blá blá....
Priiiii, o sinal soa, e todos os alunos que estavam no pátio, sobem pra suas salas, Paty agora de tênis Nike, bem mais confortada, sobe pra mais um dia entediante de aula.
Renato Vital é escritor
Tomou seu café da manhã, com suco de laranja, pão com presunto, mussarela, leite com nescau, ou qualquer umas dessas mordomias que preferir. Veste seu tênis de 50 reais comprado na 25 de março, na época de natal, quando foram comprar presentes pros empregados e pros parentes chatos que sempre apareciam nessa época. Coloca o tênis Nike de 400 reais dentro da mochila, junto com o material escolar, e quase se esquece de colocar sua blusinha tomara que caia. O fato de colocar um tênis dentro da mochila, se deve pelo fato, de alguns moleques estarem roubando tênis nas imediações do colégio, ou seja, ela vestia um "tênis paraguai" pra ir, e chegando dentro do colégio trocava de tênis. E sobre a blusinha tomara que caia, ela usava assim que saia do colégio, tirava o uniforme e colocava a blusinha que cobria somente os seios. Paty apesar de ter apenas 14 anos, já tinha experimentado tudo o que é droga, extase, cocaína, maconha, injetável, heroína e principalmente àlcool, só não crack, por que sabia que era sem volta.
Certo dia a polícia colocou as mãos nela e em suas amigas, que usavam cocaína numa rua da cidade, mas quando ela falou quem era sua mãe, liberaram ela e suas amigas. Deus sabe o que teriam feito, se elas fossem da periferia.
- Paty, vamos! Já está na hora!
- To indo mãae, dá um tempo fica, fica me apressando.
Sua mãe liga o rádio do carro, que fala as notícias do dia. Ela mete a mão no rádio e coloca na playba fm, uma rádio que ela adora. Está tocando suas banda favorita, Green Day, uns caras que gostam de se maquiar, fazer franjinha, falar fino e etc, mas ela os adora. Falando nisso, a uma semana atrás, ela foi no show promovido por essa mesma rádio, e eles estavam lá, alegres e sorridentes, acenando pro público e cantando em cima de um playback vagabundo.
Um menor encosta no carro, pede um real pra sua mãe, dona Simone que não se lembrava mais do assalto sofrido, apesar que a polícia ainda investigava, mostra o dedo pro moleque em sinal de negativo, e ao mesmo tempo, entrega uma nota de cinquenta reais pra sua filha, gastar aquele dia no shopping com suas amigas. O moleque se afasta do carro.
- Se vê minha filha não basta a gente doar pro criança esperança, pro Teleton, sempre vai existir esses moleques pedindo nos faróis, por causa de pais irresponsáveis, que poem filho a torto e a direito no mundo.
- A mãe deixa pra lá, era só um moleque.
- Mesmo assim minha filha, quero que você tenha consciência dos problemas do seu país desde cedo.
- I mãe, sai pra lá com esse papo careta, tá cansando minha beleza, e nem vem dar piti, que hoje quero curtir com minhas amigas, no final das aulas.
- Esse dinheiro que te dei dá pra você se divertir?
- Ah sei lá mãe, para aqui na esquina, que eu não quero ninguém comentando no colégio, que minha mãe me leva na escola, Deus me livre já pensou.
- Tá bom tchau filha.
- Oi paty, mas que maquiagem é essa?
- Minha mãe que fica me acelerando...
- Tá bom amiga, vem cá que eu tenho umas novis pra te contar, lembra daquele gatinho de ontem e blá blá blá....
Priiiii, o sinal soa, e todos os alunos que estavam no pátio, sobem pra suas salas, Paty agora de tênis Nike, bem mais confortada, sobe pra mais um dia entediante de aula.
Renato Vital é escritor
6.2.10
Louças
Ela pega a bucha, coloca detergente, um pouco de água, e esfrega o prato, onde acabou de comer sua macarronada. Além desse prato, existe mais uma montanha de pratos, talheres, copos e etc. Seu irmão também mora junto de sua mãe e seu pai, só que ele é um daqueles moleques, que acha, que se lavar um copo, vai cair o saco. Ela prefere não discutir. Seus pais sempre a aborrecem, quando o assunto é relacionado a seu namorado, e mesmo assim, ela bate o pé e insiste, sabe que ele virá a ser um grande homem. Ela nunca gostou de pseudo-moralistas, e em sua vida, sempre viveu rodiada deles.
- Minha filha aquele seu namorado é um nóia, toda a favela tá comentando isso a meses, e o primo dele então nem se fala, o apelido dele é breque de ROTA, arrego de coxinha.
Quem sempre dizia isso, era seu tio Romário, uma daquelas pessoas do tipo: " Faça o que eu digo, não faça o que eu faço". Ele escondia, mas ela sabia, que ele vivia gastando o dinheiro, que ganhava nas obras em que trabalhava, com prostitutas no Space night club, um cabaré daqueles de dar medo. Seu tio sempre trabalhou em obras, ele tem 40 anos, e em sua carteira de trabalho apenas foi registrado numa firma de chocolate, a qual infelizmente mudou de estado, e demetiu muitos funcionários, durante o governo do F.H.C. Sua tia cega de dar gosto, fingia que não sabia sobre as escapadinhas de seu marido.
Um dia ela mandou seu tio tomar no cú, quando ele veio fazer mais uma de suas provocações, sobre seu namorado. Mas logo se arrependeu, seu tio apesar de mulherengo, era boa praça, e sempre distribuia balas e pirulitos, pra molecada da rua, além é claro de nunca ter deixado faltar nada em casa.
- Lava pra mim esse copo, por favorzinho?
- Tá seu moleque vagabundo, deixa ai.
- Iiiii vai se foder, só por quê aquele nóia do se namorado, não te ligou, está nervosinha?
- Não é problema seu, e vê se guarda pelo menos seus tênis no lugar.
- Vou nada, vou é jogar bola no campinho, fui.
Ela chinga ele, mas sem resultado, ele já estava com os pés, ou melhor, as chuteiras na rua pra ir jogar bola.
" Lere, le le le lere, lelelelelelele, eu prometo te dar carinho, e gosto de ser sozinho, livre pra voar....." - Era seu celular tocando, com a música do grupo de pagode que ela tanto gostava, e Ditinho tanto odiava, que chegava a espumar de raiva.
- Alô?
- Alô nada, não se faça de tonta, te quero dez horas da noite, aqui em casa, e se não vier com aquela lingerie que eu adoro, vai ficar de fora... tututututu....
Ela sempre dava broncas em Ditinho por causa dessas ligações eróticas relâmpagos que ele fazia, mas no fundo ela adorava entrar no jogo dele, e é claro, se entregar pra ele de corpo e alma. Algumas de suas amigas já trairam seus namorados, ela não, ela fazia diferente, queria ter um homem só, mas que a completasse de uma forma, que nenhum dos outros completaria. E este era Ditinho. Se lembra dos amigos falsos de Ditinho, que pelas costas dele, sempre chavecavam ela, um dia Ditinho pegou um deles falando ao ouvido dela e não prestou. Ditinho estourou um copo de vidro na cabeça dele, e este, pra não ser morto pelo primo de Ditinho, que também jurou matá-lo, sumiu da quebrada. Era por essas e outras que ela gostava de Ditinho.
Terminou de lavar as louças e arrumar a cozinha, e foi para seu quarto, preparar a surpresinha agradável de Ditinho nos mínimos detalhe, aquela noite a cama iria pegar fogo.
Renato Vital é escritor.
- Minha filha aquele seu namorado é um nóia, toda a favela tá comentando isso a meses, e o primo dele então nem se fala, o apelido dele é breque de ROTA, arrego de coxinha.
Quem sempre dizia isso, era seu tio Romário, uma daquelas pessoas do tipo: " Faça o que eu digo, não faça o que eu faço". Ele escondia, mas ela sabia, que ele vivia gastando o dinheiro, que ganhava nas obras em que trabalhava, com prostitutas no Space night club, um cabaré daqueles de dar medo. Seu tio sempre trabalhou em obras, ele tem 40 anos, e em sua carteira de trabalho apenas foi registrado numa firma de chocolate, a qual infelizmente mudou de estado, e demetiu muitos funcionários, durante o governo do F.H.C. Sua tia cega de dar gosto, fingia que não sabia sobre as escapadinhas de seu marido.
Um dia ela mandou seu tio tomar no cú, quando ele veio fazer mais uma de suas provocações, sobre seu namorado. Mas logo se arrependeu, seu tio apesar de mulherengo, era boa praça, e sempre distribuia balas e pirulitos, pra molecada da rua, além é claro de nunca ter deixado faltar nada em casa.
- Lava pra mim esse copo, por favorzinho?
- Tá seu moleque vagabundo, deixa ai.
- Iiiii vai se foder, só por quê aquele nóia do se namorado, não te ligou, está nervosinha?
- Não é problema seu, e vê se guarda pelo menos seus tênis no lugar.
- Vou nada, vou é jogar bola no campinho, fui.
Ela chinga ele, mas sem resultado, ele já estava com os pés, ou melhor, as chuteiras na rua pra ir jogar bola.
" Lere, le le le lere, lelelelelelele, eu prometo te dar carinho, e gosto de ser sozinho, livre pra voar....." - Era seu celular tocando, com a música do grupo de pagode que ela tanto gostava, e Ditinho tanto odiava, que chegava a espumar de raiva.
- Alô?
- Alô nada, não se faça de tonta, te quero dez horas da noite, aqui em casa, e se não vier com aquela lingerie que eu adoro, vai ficar de fora... tututututu....
Ela sempre dava broncas em Ditinho por causa dessas ligações eróticas relâmpagos que ele fazia, mas no fundo ela adorava entrar no jogo dele, e é claro, se entregar pra ele de corpo e alma. Algumas de suas amigas já trairam seus namorados, ela não, ela fazia diferente, queria ter um homem só, mas que a completasse de uma forma, que nenhum dos outros completaria. E este era Ditinho. Se lembra dos amigos falsos de Ditinho, que pelas costas dele, sempre chavecavam ela, um dia Ditinho pegou um deles falando ao ouvido dela e não prestou. Ditinho estourou um copo de vidro na cabeça dele, e este, pra não ser morto pelo primo de Ditinho, que também jurou matá-lo, sumiu da quebrada. Era por essas e outras que ela gostava de Ditinho.
Terminou de lavar as louças e arrumar a cozinha, e foi para seu quarto, preparar a surpresinha agradável de Ditinho nos mínimos detalhe, aquela noite a cama iria pegar fogo.
Renato Vital é escritor.
4.2.10
Recepção
Ela lhe estende a mão e com um ar afável, lhe diz: Bom dia senhor Benedito.
Prazer senhora, se caso quiser abreviar, pode me chamar apenas de Dito.
Dito dá um sorriso de canto de boca, observa as cochas bem torneadas de Dona Simone, sua nova patroa. Jamais imaginaria que iria voltar para o local do crime, onde ele e seu primo, fizeram o pavor de dona Simone e seus puxa-sacos. Até que observando bem sua nova patroa, se arrependia um pouco... se arrependia de não ter consigo tirar muito mais dinheiro, daquela vadia egoísta.
Férias com os filhinhos em Búzios ou os filhinhos vão para um acampamento cheio de filhinhos de mamãe mimados e cheirando a danone e leite ninho. Seu marido um basbaque otário, que bancava pra ela os mais diversos cremes e perfumes importados. Seus filhos os considerados jovens padrão da sociedade, se for pego fumando maconha é coisa da idade. Pena que o tratamento pra favelado não é o mesmo.
- Vai vagabundo coloca a mão na cabeça!
- Calma senhor, esse rapaz ai do lado é meu primo, a gente já tava indo pra casa.
- È o que a gente vai ver já já. E essa porra aqui no bolso do seu priminho?
- A gente tá de boa senhor.
Ditinho naquela noite estava limpo, não tinha drogas e nem cerveja estava bebendo, pena que o mesmo não acontecia com seu primo, que estava bebendo uma "breja" e guardando um cigarro de maconha em seu bolso, pra fazer a cabeça mais tarde. Dito não sabe se foi milagre, ou obra de Deus, mas graças a uma ocorrência mais importante, os policiais, os liberaram, prometendo porradas e pontapés no próximo enquadro, caso se trombassem por ai.
- Benedito acorda, tá sonhando acordado é!
Ditinho foi acordado por Patrícia, secretária de dona Simone, que lhe entregou alguns documentos e algum dinheiro. Os documentos ele teria que atravessar a cidade pra entregar, o dinheiro seria fácil, depositaria no banco ali pertinho, e sobraria tempo pra fazer um lanche no bar. Patricia não era menos bonita que dona Simone, e Ditinho a observava também.
Algumas horas depois...
Ditinho chega em casa, logo após um dia complicado de trampo, muita chuva em São Paulo, sua moto estava praticamente toda enlameada, e ele não estava em melhor estado. Tomou um banho, pensou em dona Simone, pensou em Patricia, pensou em seus novos colegas de trabalho, foi até sua gaveta, mexeu em algo, e achou a grana que ainda sobrava do assunto que praticou naquela mesma empresa, mil e duzentos reais. Ditinho dá um suspiro, pega o celular, e telefona pra sua namorada, que já estava a caminho de sua casa. Ditinho deita no sofá, liga o rádio, e descansa pra um novo dia de trabalho. Ditinho adormece e só acorda com sua namorada o beijando. O resto da noite passa junto dela, contando as novidades em sua vida.
Renato Vital é escritor
-
Prazer senhora, se caso quiser abreviar, pode me chamar apenas de Dito.
Dito dá um sorriso de canto de boca, observa as cochas bem torneadas de Dona Simone, sua nova patroa. Jamais imaginaria que iria voltar para o local do crime, onde ele e seu primo, fizeram o pavor de dona Simone e seus puxa-sacos. Até que observando bem sua nova patroa, se arrependia um pouco... se arrependia de não ter consigo tirar muito mais dinheiro, daquela vadia egoísta.
Férias com os filhinhos em Búzios ou os filhinhos vão para um acampamento cheio de filhinhos de mamãe mimados e cheirando a danone e leite ninho. Seu marido um basbaque otário, que bancava pra ela os mais diversos cremes e perfumes importados. Seus filhos os considerados jovens padrão da sociedade, se for pego fumando maconha é coisa da idade. Pena que o tratamento pra favelado não é o mesmo.
- Vai vagabundo coloca a mão na cabeça!
- Calma senhor, esse rapaz ai do lado é meu primo, a gente já tava indo pra casa.
- È o que a gente vai ver já já. E essa porra aqui no bolso do seu priminho?
- A gente tá de boa senhor.
Ditinho naquela noite estava limpo, não tinha drogas e nem cerveja estava bebendo, pena que o mesmo não acontecia com seu primo, que estava bebendo uma "breja" e guardando um cigarro de maconha em seu bolso, pra fazer a cabeça mais tarde. Dito não sabe se foi milagre, ou obra de Deus, mas graças a uma ocorrência mais importante, os policiais, os liberaram, prometendo porradas e pontapés no próximo enquadro, caso se trombassem por ai.
- Benedito acorda, tá sonhando acordado é!
Ditinho foi acordado por Patrícia, secretária de dona Simone, que lhe entregou alguns documentos e algum dinheiro. Os documentos ele teria que atravessar a cidade pra entregar, o dinheiro seria fácil, depositaria no banco ali pertinho, e sobraria tempo pra fazer um lanche no bar. Patricia não era menos bonita que dona Simone, e Ditinho a observava também.
Algumas horas depois...
Ditinho chega em casa, logo após um dia complicado de trampo, muita chuva em São Paulo, sua moto estava praticamente toda enlameada, e ele não estava em melhor estado. Tomou um banho, pensou em dona Simone, pensou em Patricia, pensou em seus novos colegas de trabalho, foi até sua gaveta, mexeu em algo, e achou a grana que ainda sobrava do assunto que praticou naquela mesma empresa, mil e duzentos reais. Ditinho dá um suspiro, pega o celular, e telefona pra sua namorada, que já estava a caminho de sua casa. Ditinho deita no sofá, liga o rádio, e descansa pra um novo dia de trabalho. Ditinho adormece e só acorda com sua namorada o beijando. O resto da noite passa junto dela, contando as novidades em sua vida.
Renato Vital é escritor
-
3.2.10
Até agora
16:00 da tarde
Alô, tudo bem? não, não ganhei folga, não vai dar pra ir. Ele tá ai, não? - então depois eu falo com ele. Bem que eu queria ir pra praia mas ele não deu folga. É bom que eu vou pro sarau. Tá bom tchau.
17:00 da tarde
- Moço se tá colando essas gavetas com cola de madeira?
- Sim por quê?
- È que eu queria emprestado, a instante do meu filho, tá com o feixe soltando, será que poderia me arrumar um pouco depois?
- Sim claro, quer agora?
- Não só mais tarde.
- Ei moço?
- Fala.
- Seu sobrinho tá ai, queria falar com ele.
- Não está na Praia Grande - nos meus pensamentos: " ele está com a bola toda."
- Se tem o número dele fulana?
- Tenho sim, é claro né, a operadora?
- Sim tá bom então, brigada - nos meus pensamentos: " realmente ele está com a bola toda, e só tem 13 anos."
18:00
Chuva, correria, falta de energia, chuva e chuva novamente. È bom que a Guarapiranga e a Billings fica cheia. Bom, ai só falta ajudar os milhares que ficaram sem seus colchões. geladeiras, móveis, casas, motos, carros... e o pior, sem um parente querido que morreu nas enchentes.
Ah uma boa notícia, a luz voltou. Não me enganei, faltou. Não, não voltou.
18:30
- Alô.
- De novo ligando Renato?
- er ( fico sem graça, só queria conversar um pouco)
três minutos depois desligo.
19:00
Saindo agora pra ir pro sarau, vou chegar lá nove e meia, e pra voltar vou chegar meia noite em casa, pra acordar as cinco da manhã, pra estar no trampo às seis. Tudo bem, já fui pra Cooperifa até com chuva de granizo... Opa, chuva, trânsito parado, vou chegar na Cooperifa só umas dez horas da noite. Tudo bem acho que vou. - olho pra bagunça -.
Bem raciocinando melhor, bagunça pra arrumar, estante pra montar, roupa pra pendurar ( sou homem do século 21, lava e passo roupa... grandes merda, não faço mais que a minha obrigação).
Não vou pra cooperifa.
Hoje tem jogo do Corinthians, já deixei de ver o jogo do Corinthians trezentas vezes pra ir pra Cooperifa, uma das únicas paixões que vence a corinthiana.
20:00
Lendo O que é isso companheiro? de Fernando Gabeira.
Paro em um ponto da leitura que fala, das trapaças da PM, que sempre soca bomba de gás lacrimôgenio no rabo, de quem ousa protestar por algo, e na ditadura era um tanto pior.
20:30
Vou na lan house, escrever um conto.
20:45
- Tem computador?
- Só daqui 21 minutos.
- Tudo bem eu espero.
Vejo jovens, sem nada pra fazer, e eu, deveria estar no Zé batidão, revendo os amigos que amo.
21:07
Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras, não sei dizer, como é grande o meu amor, por você Cooperifa. Vim aqui pra escrever um conto cabuloso, que vem fazendo minha mente faz alguns dias, mas resolvi dedicar esse conto a você Cooperifa. Quarta se der tudo certo, estarei ai, dentro de ti, e junto dos companheiros da literatura e da vida.
21:27
Termino meu conto agora, nesse exato momento, não vou assistir o jogo do Corinthians inteiro, vou ler um pouco quando chegar em casa, e mais tarde ligo a tv.
Cooperifa eu te amo, ou melhor eu vos amo.
Alô, tudo bem? não, não ganhei folga, não vai dar pra ir. Ele tá ai, não? - então depois eu falo com ele. Bem que eu queria ir pra praia mas ele não deu folga. É bom que eu vou pro sarau. Tá bom tchau.
17:00 da tarde
- Moço se tá colando essas gavetas com cola de madeira?
- Sim por quê?
- È que eu queria emprestado, a instante do meu filho, tá com o feixe soltando, será que poderia me arrumar um pouco depois?
- Sim claro, quer agora?
- Não só mais tarde.
- Ei moço?
- Fala.
- Seu sobrinho tá ai, queria falar com ele.
- Não está na Praia Grande - nos meus pensamentos: " ele está com a bola toda."
- Se tem o número dele fulana?
- Tenho sim, é claro né, a operadora?
- Sim tá bom então, brigada - nos meus pensamentos: " realmente ele está com a bola toda, e só tem 13 anos."
18:00
Chuva, correria, falta de energia, chuva e chuva novamente. È bom que a Guarapiranga e a Billings fica cheia. Bom, ai só falta ajudar os milhares que ficaram sem seus colchões. geladeiras, móveis, casas, motos, carros... e o pior, sem um parente querido que morreu nas enchentes.
Ah uma boa notícia, a luz voltou. Não me enganei, faltou. Não, não voltou.
18:30
- Alô.
- De novo ligando Renato?
- er ( fico sem graça, só queria conversar um pouco)
três minutos depois desligo.
19:00
Saindo agora pra ir pro sarau, vou chegar lá nove e meia, e pra voltar vou chegar meia noite em casa, pra acordar as cinco da manhã, pra estar no trampo às seis. Tudo bem, já fui pra Cooperifa até com chuva de granizo... Opa, chuva, trânsito parado, vou chegar na Cooperifa só umas dez horas da noite. Tudo bem acho que vou. - olho pra bagunça -.
Bem raciocinando melhor, bagunça pra arrumar, estante pra montar, roupa pra pendurar ( sou homem do século 21, lava e passo roupa... grandes merda, não faço mais que a minha obrigação).
Não vou pra cooperifa.
Hoje tem jogo do Corinthians, já deixei de ver o jogo do Corinthians trezentas vezes pra ir pra Cooperifa, uma das únicas paixões que vence a corinthiana.
20:00
Lendo O que é isso companheiro? de Fernando Gabeira.
Paro em um ponto da leitura que fala, das trapaças da PM, que sempre soca bomba de gás lacrimôgenio no rabo, de quem ousa protestar por algo, e na ditadura era um tanto pior.
20:30
Vou na lan house, escrever um conto.
20:45
- Tem computador?
- Só daqui 21 minutos.
- Tudo bem eu espero.
Vejo jovens, sem nada pra fazer, e eu, deveria estar no Zé batidão, revendo os amigos que amo.
21:07
Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras, não sei dizer, como é grande o meu amor, por você Cooperifa. Vim aqui pra escrever um conto cabuloso, que vem fazendo minha mente faz alguns dias, mas resolvi dedicar esse conto a você Cooperifa. Quarta se der tudo certo, estarei ai, dentro de ti, e junto dos companheiros da literatura e da vida.
21:27
Termino meu conto agora, nesse exato momento, não vou assistir o jogo do Corinthians inteiro, vou ler um pouco quando chegar em casa, e mais tarde ligo a tv.
Cooperifa eu te amo, ou melhor eu vos amo.
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