22.8.08

Criminosos

Numa cidade do interior mineiro, foi apreendido a droga sintética chamada Extase pela primeira vez. E adivinha na casa de quem? Quem adivinhar ganha um doce!

Como demoraram pra responder, eu respondo: Na casa dos BURGUESES.

Isso mesmo, os filhinhos de papai, sem nada pra fazer, estavam traficando a droga na cidade, e também usando pra ficarem mais "legais". Foram todos presos e autuados em flagrante, e se Deus quiser, e tomara que ele queira, ficaram presos no CADEIA. Como eu queria ver o Datena falando agora pra eles: VAGABUNDOS, PÕE A CARA DOS VAGABUNDOS NA TELA! Pena que ele só diga isso pra pobre, gente humilde da periferia.

Bom playboy indo pro chilindró, já é uma grande injeção de ânimo, vamos ver o que temos mais, a lembrei!
Mulher alta, loira, publicitária ( ou publiciotária, vocês que escolhem) é pega dirigindo sem carteira de habilitação, embreagada. Aos berros ela chingava os policiais ( que só assistiam quietos, eles só agem com rigor quando se trata de GENTE HUMILDE) falava que eles eram mortos de fome, e que inda bem que eles tinham esse empreguinho, pra se sustentar. Aos berros ela foi presa, teve o carro apreendido ( pelo menos isso), mas INFELIZMENTE, logo depois foi solta após pagamento de fiança. Se eu for pego dirigindo sem carteira, e estiver bêbado, com certeza vou apanhar muito, e ir pro chilindró, e só Deus sabe quando eu ia sair de lá.
POIS É MESMO ASSIM, FICA AQUI O EXEMPLO, DE QUE A BURGUESIA É A VERDADEIRA CULPADA PELA DECADÊNCIA DO BRASIL, E QUE SE A SITUAÇÃO ESTÁ COMO ESTÁ, ELES TEM ENORME CULPA NISSO TUDO. OU COMO DIZ O GRUPO DE GUARULHOS COMANDO INTERNO " VER A BURGUESA NA TV, SORRINDO E CONTENTE, NÃO VAI MATAR A FOME, DA MINHA GENTE". E NÃO VAI MESMO, ISSO PODEM TER CERTEZA.
A IA ME ESQUECENDO, AVISO GRÁTIS PROS BURGUESES, PRA TODA A PLAYBOYZADA:
ESTAMOS NA BIENAL, ESTAMOS NOS LIVROS, ESTAMOS NOS CINEMAS, ESTAMOS NA MÚSICA E ESTAMOS ENTRANDO NAS FACULDADES!
E LOGO MAIS TEREMOS A NOSSA FATIA DO BOLO, NESSE ENORME E INJUSTO BRASIL!
PARABÉNS BURGUESIA, CONTINUEM OPRIMINDO, QUE QUANDO ABRIREM OS OLHOS. O BOLO VAI ESTAR DIVIDIDO, E O SEU FILHO VAI ESTAR CHORANDO, POR QUÊ PERDEU A VAGA DAQUELA EMPRESA, PRA UM MANO VINDO DE ORIGEM HUMILDE.
Renato Vital, só mais um na guerra.

Um comentário:

Anônimo disse...

O seguinte artigo de Alba Zaluar foi publicado na sua coluna da Folha de São Paulo, segunda-feira, 15 de outubro de 2007:


Inverter não é transformar

A IGUALDADE tem sido objeto de uma infindável discussão teórica. Há os que afirmam ser ela uma condição inalcançável, visto que seres humanos diferem em suas capacidades, talentos e disposição para o trabalho; há os que ressaltam a necessidade como o critério para a distribuição da riqueza produzida. Os primeiros, filósofos morais do liberalismo político, preocupam-se com as violações à liberdade que a busca incessante da igualdade vem a trazer. Os segundos, adeptos da economia marxista, acreditam que dar a cada um segundo a sua necessidade inclui o princípio de receber de cada um segundo a sua habilidade de contribuir economicamente.
Nenhum pensador da igualdade defendeu a idéia de que seria possível obter o necessário por fraude, força, roubo, coerção ou dano a outras pessoas. Esse princípio moral está também em Marx, que exaltava o valor do trabalho -o pago e o não pago- e visualizava uma sociedade futura em que essa distribuição seria feita sem coerção de qualquer espécie.



Aqui no Brasil, a discussão tomou rumos indefensáveis. Quem nega a um branco bem-sucedido, mesmo que vindo de meios sociais modestos, o direito de consumir (que inclui portar) os bens disponíveis socialmente, não está recusando para si mesmo, um negro oriundo de favelas e periferias, esse gozo.
Rappers são conhecidos no mundo todo por seu sucesso e sua ilimitada sede de consumo. Coleções de tênis, roupas de marca, automóveis do ano, festas extravagantes são alguns itens listados nos seus currículos de consumidores. E, claro, não se imolam pelo sucesso que os destacou.




Defender o roubo como recurso de distribuição de renda revela um enorme desconhecimento das redes e tramas do submundo do crime, onde grassa o capitalismo mais selvagem de que se tem notícia. Ou bem a pessoa que roubou vai portar esse objeto, que apenas muda de mãos e continua a simbolizar a desigualdade reinante, ou ela vai vendê-lo a um receptador que pagará muito pouco e fará um hiperlucro comercial, ambos sem produzir riqueza nenhuma.



Para onde foi a distribuição de renda? Para alimentar a acumulação do receptador e a ilusão do ladrão que precisa voltar a roubar e, portanto, está sempre a se arriscar em benefício de outrem.



Com tanto incentivo a ganhar dinheiro fácil, estimula-se exponencialmente a acumulação de riquezas em poucas mãos. Se as defesas morais contra a fraude e o roubo continuarem a ser destruídas tão hipocritamente, a produção de riquezas será reduzida e o estoque de riquezas do país encolhido a tal ponto que não teremos nem consumo nem muito menos a tão almejada igualdade.