8.12.07

Viver a infância não é ver a pedofila da xuxa, nem a Angélica e muito menos a Eliana.

Viver a infância não é ver a pedófila da Xuxa, nem tão pouco a Angélica, muito menos a Eliana. Viver a infância é acompanhar esse texto do Sérgio Vaz que amedronta os escritores, já pensou se o homem resolve escrever um romance, ia ser sucesso na certa. Acompanhem abaixo:

ARTIGO JORNAL O POVO

GUERREIROS DO ARCO-ÍRIS - SÉRGIO VAZ

“A Felicidade era um lugar estranho. Lá, os meninos, após a chuva, comiam o arco-íris e saiam coloridos pela rua jogando futebol. O futuro era decidido no par-ou-ímpar,e o passado, simplesmente não existia”. (SV).

Uma noite dessas estava na rua quando os céus resolveram dar banho nos pés da cidade de taboão da Serra. Confesso que há muito não reparava a beleza da chuva. Lógico que também conheço seus efeitos colaterais e não sou tão poeta a ponto de esquecer seus estragos, mas hoje, com os olhos úmidos dessa lembrança, queria falar de uma outra chuva, a que não afoga as lembranças.Umas das coisas mais bacanas da infância era tomar banho de chuva na rua.O futebol rolando...
Os nossos corpos miúdos abençoados pelo suor da vida, um coração pequeno sambando dentro do peito,e de repente, como uma benção dos deuses, a chuva vinha e varria todas as impurezas da nossa realidade. *(Atenção: se você fechar os olhos aos poucos é bem capaz que você ainda consiga sentir o perfume de terra molhada).Corríamos como loucos de um lado para o outro gritando palavras desconexas, e tentando engolir toda água para o céu de nossas bocas. De braços abertos, ríamos como anjos embriagados e afrontávamos a tristeza, que freqüentemente, insistia em nos visitar.Com a alma lavada, ainda sob o efeito da vida plena, perseguíamos o arco-íris, não atrás do tal pote de ouro -o ouro já era nossa própria alegria-, mas para contemplar suas cores.Na minha tribo de guerreiros do arco-íris, a maioria tinha olhos pretos e castanhos, e apesar do futuro em preto e branco, víamos tudo colorido.Enquanto eu lembrava desse tempo de moleque do arrabalde, a chuva foi parando, e como era noite, ainda pude ver as luzes distorcidas refletidas no asfalto molhado.Vi também as goteiras que rolavam das calhas das casas, que mais pareciam lágrimas quando estão prestes a secar. Será que as calhas choram o fim da inocência ?
Depois de crescido já me molhei várias vezes (praguejei todas elas), mas nunca mais tomei banho de chuva. Nunca mais com a aquela mesma alegria. Nunca mais com aquela mesma sede de viver, e como se nunca mais houvesse outro dia.Acho que depois que a gente cresce a gente fica pequeno.Hoje, com o coração árido, só consigo cuspir raios e trovões, e sem previsão, quando não garoa, estou sujeito a tempestades.

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