16.6.11

Provérbios da noite

10. E eis que uma mulher lhe saiu atrás dele, com enfeites de prostituta e astúcia no coração... (provérbios)

Não me trava os dedos, ao digitar esse conto, antes me trave a mente ou o coração.

Antes de meus olhos encontrar os delas, encontrou suas belas pernas descobertas, cobertas apenas por uma mini saia, ou micro saia, sei lá como eles chamam na selva de pedra. Logo após, encontrou seu belo decote, generoso como seu sorriso malicioso. Seu pescoço encurvado, pedia carícias, beijos, mordidas, mas eu, até então só olhava. Seus cabelos, há... seu cabelos, encaracolados, escorrendo pelos seus ombros, ombros também descobertos, agora eu me pensava, existe um local em seu corpo que eu não queira tocar?

Vi que ela me olhava, de lado, meio que disfarçado, achei que fosse apenas euforia, ou coisa do momento. Não, ela me seguia com os olhos, o que seria então, talvez quisesse uma informação. Me aproximei meio que timidamente, nunca me senti nem me achei um fiel sedutor, deixava apenas, que o momento compusesse sua música mais perfeita para aquele momento. Ela parou com os olhares, então me desviei dela, e comecei a me ocupar com outras coisas, até que ela se aproximou um pouco mais de mim. Jogava os cabelos para o lado como que querendo chamar a atenção, eu percebi, não agi de imediato, continuei seguindo a linha de racíocinio que a situação me pedia: calmo, sensato, ativo, inconsequente, mas seguro.
Quebrando minha concentração e meu silêncio incomodo, ela puxou assunto com alguém ao meu lado, tentando provocar uma reação de minha parte, continuei tranquilo, mas por dentro as células ardiam em 360 graus. Teimando em segui-lá com os olhos, eu sem pensar, balbuciei algumas palavras em sua direção, ela me respondeu com altivez e postura, mas não me intimidei com aquela primeira impressão.
Ela continuou conversando com a pessoa que estava ao meu lado, e eu dava pequenos comentários sobre o assunto, e percebi que ela balançava a cabeça, e atirava seus cabelos em minha direção, percebi o flerte, mas não queria me iludir com simples gestos. Ela se afastou e foi pra trás do veículo, eu achei que aquele momento, seria oportuno pra resolver a questão, e desvendar esse mistério, foi então que me aproximei dela e comecei a puxar assunto.
Em certo momento, ela começou a repousar seu ombro em meu peito, e num instante de insensatez e descuido, coloquei a mão em sua cintura. Na mesma hora ela me olhou, bem dentro de meus olhos, e já esperava alguma grosseria, mas ela apenas sorriu, e repousou mais tranquilamente seu ombro em mim, pra falar a verdade, ela já se entregava ao jogo de sedução, que eu não criei, mas fui incluido... graças a ela.
Em dado momento, já não parecia que éramos estranhos, eu acariciava sua cintura, como se fossemos íntimos, e lhe cochichava coisas em seus ouvidos, ela sorria, e isso foi me desinibindo. Por instante me perguntei se aquilo não seria loucura, ou o risco é que nos move. Tentei lhe dar um beijo em seu pescoço, mas ela me evitou, talvez não quisesse parecer tão fácil ou fútil, mas aquilo me esfriou e procurei um local nos fundos do veículo para me sentar um pouco. Me sentei, e já nem lembrava mais dela, queria esquecer aquele momento, mas logo ela foi em direção a porta do veículo, olhou pra mim e perguntou:

- Num é aqui que você desse?

Respondi balançando a cabeça, e desci junto dela, na verdade não desceria ali, mas... quem se importa. Me sentei com ela num banco qualquer, ela me dizia estar perdida, não era ali que queria descer, ameaçava chorar mas eu lhe emprestei o ombro, para que pudesse por pra fora, toda a sua mágoa. Quando me dei conta, acariciava suas belas cochas, lisas, macias e implorando por carícias ousadas, de um jovem sedutor. Ela se levantou, eu por um impulso a agarrei, ela tentou se desvencilhar por um instante, mas a travei nos braços e comecei a falar em seu ouvido as coisas mais absurdas e extravagantes, que alguém poderia dizer no ouvido de uma mulher.
Enfim ela se livrou, mas diferente do que pensei, não se retirou, me pediu companhia, pra que a levasse próxima de seu destino. Caminhavamos a passos largos, sem direção, contra ao vento, e o mundo se incarregava de escrever nossa história, eu não tirava os olhos delas, estaria encantado? Talvez...
Andamos por minutos, que passaram depressa demais, mas pra mim, ter deixado ela naquele ponto, foi a válvula de escape pra voltar a realidade.
É certo que eu ainda a agarrei naquele local, onde o poste estava sem luz, e lhe pedi o máximo de beijos que ela poderia me dar em um curto espaço de tempo, mas ela regrava seus prazeres, e me deixava cada vez mais com água na boca. Tudo isso talvez tenha durado, alguns vinte minutos ou mais, mas já tinha seu contato, sabia que seria mais fácil, procurá-lá, quando quisesse novamente, presenciar mais uma vez seu fiel jogo de sedução.
Ela tinha pressa em voltar ao lar, quanto a mim, nada, nem ninguém me esperava. Quando me distanciei dela, demorou pra cair a ficha que tudo fora real, mas a rua me empurrava pra frente, lembrando que a vida é mais adiante, e os momentos são como a folha que o vento sopra, nessa imensa escuridão.

Renato Vital é escritor, poeta e Rapper.
Contatos: http://www.twitter.com/@renatovital
Email: galanteadohj@hotmail.com

Site do grupo Fato Realista
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