As vezes penso que o exército dos excluídos
Deveriam pegar no Fuzil
E como nas Farc, ou no cangaço
Ir pra revolução armada
Pra derrubar políticos, elite e mídia comprada.
Mas ai paro e penso
Na força das palavras
E nas palavras de Gandhi
Que fez revolução, sem derramar
Uma só gota de sangue Inglês
As vezes acho que deveríamos
Nos entricheirarmos de vez
E como malungos, guerreiros kilombolas
Lutarmos na base da força
Pela revolução, de uma forma forçada
Mas ai vejo a criança com o livro na mão
Vejo o calo nas mãos dos meus pais
Vejo toda uma história de sofrimento
Até um negro poder andar livremente
Na rua, com seus direitos( que ainda não são respeitados)
Ai me vem os ideais de Che
Se é pra viver como dessa maneira
Vamos então morrer lutando
E com todas as nossas forças
Derrotar o inimigo de terno e gravata
Que fala bonito, de traço refinado, quase que nem um viado
Que pensa qual será seu novo projeto de lei
Que na camarâ será aprovado
Esse mesmo inimigo, é aquele
No qual vai beneficiar A e B
Empresas e empreiteiras
Nas quais ele tem o rabo preso
Mas ai vejo a biblioteca comunitária
Livros chegando e a tia lendo
Que antes só lia revistas fúteis
Como Ti Ti Ti, Caras, Capricho, NOVA
Que ensinam a mulher desde trepar
Até a escolher a merda do vestidinho novo
Ou o sapato caro do shopping
Vejo organizações extremistas
Pelo mundo inteiro
Vejo Hamaz, Hezbolah
Vejo PCC, Vejo Comando Vermelho
Olho pro canto do sofá
Lá está ele
Tão belo e solitário
Com duzentas páginas
Para serem consumidas e digeridas
Aos poucos, aos deleites
Ai penso, qual a diferença do meu livro pra novela das oito?
Leio o seu nome
" Sarau elo-da-corrente, prosa e poesia periférica "
Olho pra fotografia do Fuzil
E olho pro meu livro
Ele parece me chamar, gritar por mim
Pra que eu o leia, e não dispare
Contra o corpo de ninguém
O Fuzil parece me chamar também e intimar
Mas me lembro que quem o fabricou
Esse anda a beira mar em iates e navios
Com vadias do lado, tomando úisque e esbanjando dólar
Enquanto isso o fresco do Amauri Júnior
Tá no seu programa, puxando o saco de algum empresário
Ninguém sabe né Amauri, quem sabe aquela vaguinha
Naquela emissora tal, e sei lá
Se o Amauri Junior gosta de rico, ele que se exploda pra lá
Ir ver rico de Shorts curto, jogando tênis numa quadra
Que só quem vai pisar é a raça dele
Não faz o meu estilo
O meu estilo é o Hip-Hop, a literatura Marginal/periférica
O meu estilo é me deliciar com a poesia
É mostrar pros moleques da quebrada
Que ainda existe o caminho, ao invés da arma
O exemplo, anda com a mochila nas costas todo dia
Rumo ao seu trabalho, não é playboy otário
E sim mais um trabalhador em busca do seu salário
Sua mão de obra é barata, isso é fato
Mas o que ele leva dentro da mochila, isso é raro
São livros pra ler, palavras pra entender
Que a única revolução possível no Brasil
É a do saber, do entender, do ser, de transformar e resplandecer
Que tirem essa bandeira rídicula desse mastro horroroso
E estirem outra, a bandeira da educação
Pra fazermos desse país um país sem tiros
Mas paz sem justiça é utopia
Quem fabrica a desgraça, tá de carro importado
Desfrutando seu lucro em boates
Ou comprando alguma outra empresa
Ele fabrica as armas, nos joga a polícia
E nos impôe o genocídio
A nós, resta a missão de escrever livros
E indicar pra essa molecada o verdadeiro caminho
O caminho da paz e da educação
Livros nas mãos, armas no chão
Paz pra esse mundão, paz com justiça
Livros nas mãos, armas no chão.
22.6.08
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Um comentário:
É meu parceiro, são poucos que falam e mostram a realidade e o caminho certo, belo texto, meus parabéns, paz, justiça e liberdade, abração meu irmão.
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