A periferia vive um momento incrível culturalmente. São vários eventos acontecendo ao mesmo tempo, muitas coisas se desenvolvendo, artistas plásticos, professores, poetas, músicos, escritores, Rappers ( que também são músicos), atores, Universitários, trabalhadores, todos eles vão e cada vez mais, se integram no cenário cultural Brasileiro, é uma afirmação, que esse momento não é apenas momentâneo. Grandes movimentos de resistência que marcaram época, foram muitas vezes emperrados pela burguesia ou pela desunião dos seus participantes, mas dessa vez não, dessa vez já tá alastrado, já virou VERDADEIRAMENTE MOVIMENTOS CULTURAIS, e não apenas eventos avulsos. Não que os eventos não sejam importantes pra cena cultural, mas sabemos que todo evento, precisa de um fundamento, e esse fundamento é cada vez mais firmado nos movimentos culturais na nossa querida periferia. Só pra citar alguns temos Poesia Maloqueirista, Cooperifa, 1dasul, Companhia Brava teatral, Sarau do Binho, Sarau do elo-da-corrente e Sarau Rap. E qual seria esse fundamento na verdade?
Ao meu ver, é a resposta cultural e de protesto, que a periferia devolve pra burguesia, ao fazer cultura do lado de cá, para mostrar que aqui existe cabeças pensantes, cérebros pensantes, e não só dança do crew ( que também felizmente toca em boates burguesas) nem a dança da bundinha, muito menos a dançinha da garrafa. Mostramos atravéz da poesia, a nossa própria realidade, criamos mais do que escolas, épocas ou movimentos literários, criamos uma nova tendência, e essa tendência não está na moda ( apesar de alguns do lado de lá achar que sim). A nossa tendência é aquela que faz a senhora que lava roupa no tanque, pegar um caderninho e escrever suas poesias, faz um moleque pegar uma caneta e escrever aquele RAP de protesto, faz aquele músico compositor, pegar seu modesto violão e desenhar acordes de liberdade, faz o poeta de pensamento vadio gritar bem alto: é tudo nosso, é tudo nosso, é tudo nosso! Faz também o mano atravessar a cidade pra ver seu irmão, declamando poesia, cantando um RAP, fazendo arte, e não ir até o credicard hool pagar 40reais, pra assistir Wanessa Camargo vomitar merda no microfone, com sua voz rídicula e fresca, muito menos ir ver os playboys de jeito afeminado rebolarem no palco. Esse momento que a periferia vive é um grito de paz e de guerra, veja o desenho na parede, o livro na instante da livraria da Avenida Paulista ( quem diria conquistamos até seu espaço nas vitrines livros de auto ajuda), num quero saber "onde está tereza?" e sim qual é o disparo das 85 letras, não quero saber por quê " os pássaros voam, e os bezerros mamam" quero saber quem é a GUERREIRA, não quero saber qual é a " pedra filosofal", quero saber qual sãos as pedras do colecionador.
Em todas as quintas, quartas, sextas, terças, sábados, domingos e até segundas, sempre se ouvem vozes, gritos, são sarais, shows, peças teatrais acontecendo, são pessoas se articulando pra que a " sala de justiça " não bole mais planos contra nossos ideiais, sem essa de querer bancar o revolucionário, por quê " Evolução é uma coisa", e queremos a evolução de pensamento, de atitude, de garra, de esperança. Aos poucos vamos reconquistando os espaços, e queremos muito mais pode acreditar. Periferia a mil por hora, cultura a mil por hora.
Renato Vital poeta e escritor, colunista do site rap nacional www.rapnacional.com.br.
27.3.08
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Um comentário:
Olá Renato, quem me passou teu contato foi o Michel do Elo da corrente, me disse que você faz parte de um grupo de Rap no capão, estou muito a fim de falar contigo sobre o projeto Casa de Cultura e Cidadania que abrimos na Vila Guacuri, divisa com Diadema agora esse mes. Voce pode me passar teu telefone? queriamos uma apresentacao de voces num sabado de abril na nossa CAsa. Meu email é regina.egger@gmail.com
valeu, aguardo teu contato o mais rapido possivel!
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