9.1.08

Mercilon o menino prodigio

Mercilon o menino pródigio.

Mercilon era um desses muitos meninos, que vivem atazanando a vida da mãe, não só da mãe, da tia, da irmã também. Quando não era confusão na escola, era treta na rua, era tiro e queda, ou melhor tiro não, pois tiro mesmo foi o que ele deu com a espingarda velha de seu tio certa vez, que por sorte não acertou seu irmão. Mas Mercilon também era do tipo que evitava sustos, pois ele nunca dava surpresas pra mãe, ela sempre esperava que ele fizesse isso mesmo, mil e uma traquinagens e bagunças.
Certa vez Mercilon estava voltando da escola, e veio uma idéia sinistra na sua cabeça, controlar a moto do seu irmão mais velho. Claro que com as saidinhas do seu irmão, era quase impossível encontrar a moto dele na garagem, pois seu irmão sempre ia pra não sei aonde, fazer não sei o que, com não sei quem. Era óbvio que Mercilon não era besta, e sim muito esperto, chegava sempre antes nas situações mais ousadas. Só que pra controlar a moto do seu irmão não era nada fácil, apesar da moto ser muito bonita, boa de dirigir, prazeirosa, as vezes ela também dava uns defeitos e começava a enguiçar e ninguém fazia ela pegar no tranco, tinha que esperar um tempo pra ela voltar a funcionar.
Mercilon queria correr o risco, iria dirigir a moto do seu irmão de qualquer jeito, apesar de ser bem pequeno, Mercilon era bastante corajoso, e se propunha a enfrentar a moto do seu irmão, e talvez seu irmão bravo depois também. O plano estava estava bolado, na semana que viria, seu irmão estaria bravo, por que era a semana em que recebia seu salário, e sempre que caia seu salário na conta, logo ele torrava tudo em contas e mais contas.
Durante toda a semana Mercilon ficou esperando o dia, a hora exata que tudo ia acontecer, já tinha planejado tudo, ia entrar na garagem de leve sem fazer barulho, seus país estariam dormindo, ia chegar de mansinho, abrir a garagem, ligar a moto, iria sem capacete, pois na sua cabecinha, ele achava que ele é quem daria segurança à moto, ao estar pilotando ela, e não que ele é que precisasse de proteção ao estar pilotando ela. Mas foi quando veio na sua cabeça que tinha apenas 0,15 centavos no bolso, como iria abastecer a moto desse jeito, de qualquer forma ele teria que arriscar, ia subir na moto sem capacete na cabeça, e sem mais centavos. Mercilon esperou pacientemente, passaram 3 até 7 dias, para que enfim chegasse o tão esperado dia de Mercilon, agora ele iria agir ativamente, e com uma brincadeira das boas, subir na moto do seu irmão e sair pilotando por ai. Mas o que mais incomodava era seu irmão reclamando pra cima e pra baixo,
- Putz mas esse cheque é foda mesmo, demora de 20 à 35 dias pra descontar e eu fico nessa agonia, em casa sem dinheiro pra nada.
Mercilon era um garoto decidido, mas as vezes também atrasava, ou então se adiantava algumas vezes na sua vida, isso irritava ele mesmo, e as pessoas ao seu redor, e seus colegas de escola. E que àlias foi justamente pra uma coleguinha de escola que Mercilon resolveu contar seu plano
- É hoje Yasmin, vou pegar a moto do meu irmão pra dar uma volta de madrugada. QUer que eu passe na sua casa pra vir comigo.
- Tá louco menino olha sua idade, se não vai conseguir pilotar a moto do seu irmão.
- Claro que vou, já fiz alguns Testes ontem, e hoje ou vai ou racha.
- Quer saber, não vou não
- Olha que se você não for, eu chamo a Diane
- Eu sei muito bem que a Diane, nunca iria com você, pra uma loucura dessas.
- Então eu chamo a Belara.
- Juro que se você chamar a Belara, você nunca mais fala comigo.
- E já ficou nervosinha é, vou chamar a Belara sim, ela é muito mais eficaz que você.
-Vai lá seu branquelo, vai seu branquelo, mini encrenca, sai daqui
E assim Mercilon foi convidar as outras meninas, sem muito sucesso, Belara até que gostaria de ir, mas se seus pais descobrissem, com certeza ela se meteria em uma enrascada.
Ao cair da noite ele já se preparava pra penetrar pela portinha estreita da cozinha, invadir o corredor, e em passos largos entrar na garagem , sem receio nenhum, pois Mercilon não temia nada. E assim aconteceu, todos dormiam inclusive seu irmão, que ainda não tinha parado de falar do maldito cheque a se descontando em sua conta. Ele pensou: o que são 20, 35 dias! Eu é que não aguentava mais esperar esse duros 7 dias, que parasse que demoraram um ano pra passar. Mercilon faz tudo como havia planejado, após passar pelo corredor, viu seu irmão babando no sofá da sala, com o controle remoto na mão, e a televisão ligada, Mercilon pega as chaves em cima da mesinha, invade a garagem como um raio, abre o portão e pronto já estava lá fora com a moto. Arrastou a moto até o final da rua pro barulho não acordar seus pais e nem seu irmão, e ligou a moto, subiu nela e como havia prestado atenção no seu irmão, durante as caronas pra escola, fez tudo o que já estava careca de saber. Mercilon parecia que era o rei do mundo, em cima daquela moto, o vento batia em seu rosto, e ele sem capacete já ganhava a avenida principal, ali já não havia mais fronteiras, ele iria onde quisesse, pouco se importava se tomaria uma surra se seus pais descobrissem, ou seu irmão, ele estava protegido em cima daquela moto, e como ele pensava na sua cabeça, também protegia a moto estando com ela.
De repente pra desespero dele, que em meio aos pensamentos já não prestava atenção em nada, avistou a sua frente uma viatura da policia que de pronto mandou ele parar a moto e descer.
- Muleque desgraçado, se é louco andando de moto sem capacete, de quem é essa moto?
- Do meu irmão, mais velho.
- A ouviu isso tenente, esse moleque resolveu se divertir pegando a motos do irmão, e andar por ai de madrugada desprotegido, sem capacete, nem nada, esse merda, não tem merda nenhuma na cabeça, ou pelo menos louco ele é.
- E agora vocês vão me liberar?
-Hahahahaha.
O telefone toca na casa dos souza, driiiiimmmmm, com passos sonolentos a mãe de Mercilon, dona evra, como era zuada por seu filhinho encrenqueiro, pois seu nome na verdade era Eva.
- Alô quem é a essa hora.
- Aqui é da delegacia de polícia, por acaso você é a Dona Eva, mãe do Mercilon Conti dos santos.
- Sim mas meu filho está dormindo no quarto, por acaso é algum trote.
- Não ele foi pego andando de moto na avenida Diclin por uma viatura que fazia a patrulha no local.
-O queeeeee!!!!!!!!!!
A mãe de Mercilon quase teve um treco, chamou seu marido e seu filho mais velho, e foram direto pra delegacia, chegando lá, com muitas broncas, e ameaça de aprender a moto e dar multa os políciais acabaram liberando Mercilon, que estava com muito medo de apanhar quando chegasse em casa!
Chegando em casa seu pai o explicou, que aquilo não se fazia, e que aquela hora, era pra ele estar tomando uma surra imensa, mas devido os policiais já terem botado medo nele, ele resolveu não bater. Disse também que coisas assim não se fazia, ele podia ter sido atropelado por um carro, ter se acidentado, e muitas coisas mais.
Após uma grande bronca Mercilon foi dormir, e prometeu pra si mesmo que não faria mais aquilo, mas antes de pegar no sono pensou, quem sabe no próximo mês eu hajo novamente.....
Renato Vital, poeta, escritor sem chapéu atolado.

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