Por quê chove tanto nessa métropole suja?
Num adianta Deus, o senhor bem sabe, que toda a chuva que caia, jamais lavará o meu e os pecados de meus contemporâneos. Oh que há senhor, frente ao senhor, sou apenas eu, seu filho, postado ou prostado frente a frente com os meus problemas, rancores, pecados, mágoas, amarguras...
Num adianta mais eu caminhar por essas ruas, elas não acabam nunca, e o filme sempre roda com a mesma fita, ou é a gente que não trocou o roteiro. Por quê será? O homem e sua natureza.
O irmã, a sua saia é como a minha calça larga, é apenas doutrinas ditadas por alguém que veio antes de nós, num adianta tentar forjar decência com gestos sérios, eu bem sei que sua cabeça é igual a de todos os outros. Eu sei que você vai pra igreja regularmente, por quê gosta, por quê o pastor falou pra ir, ou por quê você tem medo de ir pro inferno. Irmã, pelo amor de Deus, o inferno tá aqui, ou você se sacode sob as labaredas, ou então cai na maldita chama eterna da hipocrisia, desdenho e ilusão.
É irmã... muitas irmãs usam saias, mas com elas cada vez mais justas, já deixam transparecer a vontade de mostrar as curvas pra estigar a malícia, a cobiça e o desejo na mente dos homens ( ou dos que acham que são homens).
O quê? eu me entrometendo na sua vida? Imagina!
Eu já vi muitos de calças largas, revolução até o talo, bebendo cerveja e fumando cigarro... fumando maconha atrás dos palcos... palcos da vida.
Poxa, já se perdeu na minha mente, o último dia que disse que era revolucionário... afinal... quem criou essa porra.
Eu acho lindo ver a patricinha com o Che estampado na baby look, acho lindo ver ela chegando em casa e humilhando a empregada doméstica, de tantos anos de calos nos dedos e nas mãos. Acho lindo quando ela sai pra rua, e esconde a bolsa quando passa um negro ou morador de periferia, talvez seja o medo.
O medo do imprevisivel.
Acho lindo ver o Che estampado na baby look, visualizando o horizonte, talvez querendo sair correndo da camisa da patricinha e voltar pra guerrilha, pela qual morreu lutando.
Chuva fina e vento gelado, eu sempre bato nessa tecla, por mais amigos que tenha, você sempre estará sozinho. Perceba, o Sabotage tinha centenas de amigos, morreu quando estava sozinho. Infelizmente quando estava sozinho, sozinho e desprevinido.
Eu olho a rua vazia, e penso no estado em que chegamos, eu olho latinhas de cerveja no chão, e fico tentando imaginar qual a viagem, brisa ou impulso que elas causaram. Tento imaginar quais corações e mentes elas aliviaram ou pioraram o estado. Nada me vem de conclusão ou concreto, concreto somente o chão que eu piso, e talvez isso já seja demais. Pois respirar e estar vivo, já é muito. Pra quem vive na metrópole suja.
Mate-me com sua hipocrisia, de ilusão de dias melhores, do seu paraíso, da sua fé emotiva que nem constrói nem distrói, de seus exibicionismos sensuais feministas ( a você diz que é feminista, mas adora um esculacho cantado em cima da base do pancadão), de seus conselhos para seus filhos e de sua conduta pífia e imbecil que não faz juz aos conselhos.
Mate-me com sua hipocrisia, eu desisti de provar que sou revolução, mas num vai pra grupo não, que é que nem diz o Robson Canto: " Vai no seu barco, que eu vou na minha canoa".
Renato Vital é escritor e poeta
Site do grupo Fato Realista
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