Aquela Criança Por Renato Vital
Aquela Criança, nasceu numa casa bem humilde, que se encontra num morro bastante distante da modernidade.
Aquela Criança mora com o pai e a mãe, no qual trabalham com todas as dificuldades do dia a dia, pra sustentar a casa.
Aquela criança foi crescendo em meio as dificuldades,
Sob os percalços da insanidade do homem.
Aquela criança só queria que um milagre acontece-se;
Aquela criança ainda se perguntava;
Aonde morava a esperança.
Pois na sua vida só via muralhas e desgosto!
Aquela criança não entendia por que não tinha brinquedo,
Se não televisão eles estavam sempre lá.
Aquela criança via sua mãe voltar do emprego,
Cansada, pouco tempo tinha pra olhar pra sua cara.
Seu pai quando não bebia, fazia parte do plano.
Mãos e pés inchados de tanto inchar na enxada.
Profissão pedreiro.
Aquela criança era umas das poucas que pegava nos livros para ler.
Um dia recebeu da professora um livro muito bonito.
Tinha uma capa colorida e a história de um menino que nasceu numa manjedoura.
Aquela criança percebeu que o maior homem do mundo,
Era pobre que nem ela.
Mas ficou com medo, pois um rei tentou matar o menino rei dos reis.
Aquela criança se lembrou do que assistiu ontem na televisão:
“ Ainda é grande o número de crianças, que morrem antes do dois anos de idade.”
Aquela criança percebeu que o dono do poder.
Não gostava das crianças pobres!
Pois as faziam morrer de fome.
Aquela criança andava pelas ruas,
E certo dia encontrou um colega de 12 anos.
Com um brinquedo na mão, muito alertado por seus pais, pra que ele mantivesse a distância.
Perguntou o que ele fazia com aquilo,
Ele lhe respondeu: “ Estou me protegendo do mundo”.
E que havia decidido arrancar as coisas à força, das quais nunca teve.
Aquela criança chegou em casa pensativa,
E perguntou pra sua mãe:
Por que o homem procura a paz, matando outro homem?
È pra ser rico, ter casa bonita e uma ilha?
E enquanto isso muitas crianças morrerem de fome?
Sua mãe já não segurando as lágrimas,
Começou a lhe explicar que o mundo era assim mesmo,
Que muitos eram pobres e desfavorecidos,
Enquanto a minoria era rica e poderosa.
E aquela criança ainda perguntou:
Que nem aquela mulher que aparece na novela, que a senhora assiste?
Já triste e sem graça, sua mãe apenas balançou a cabeça.
Aquela criança foi dormir, dormir com deus, dormir com os anjos.
Como sua mãe sempre falava,
“Dorme com os anjos”
De que cor seriam os anjos, brancos, amarelos, azuis, com esse pensamento adormeceu,
No outro dia acordou com um susto, seu pai a olhava com ternura e carinho,
Algo incomum e difícil.
Pois seu pai vivia bêbado, quando não estava trabalhando,
Seu pai falou que teve um sonho.
E que nele os dois brincavam, de cirandar, e no sonho percebeu o quanto à amava,
Deu-lhe um abraço, um bom dia e arrancou um punhado de balas do bolso.
Entregou as balas sorrindo e saiu pra trabalhar,
Aquela criança fechou os olhos e agradeceu a Deus,
O presente que à tanto tempo pedia, havia conseguido.
Certo dia indo pra escola, um policial a parou, e falou:
“Deixa-me eu ver o que tem ai dentro dessa mochila”
Sem entender muito bem, logo ela abriu e mostrou o que havia dentro.
Um caderno, um estojo, uma régua e um livro.
O polícia falou que ela podia ir.
Aquela criança contou pra professora o ocorrido, e a professora se lembrou do que estava acontecendo na escola, alguns alunos estavam levando drogas dentro da mochila, pra passar pros colegas.
Mas sem reação a professora apenas respondeu que não podia fazer nada, e que tivesse calma nessas situações.
Aquela criança, andando perto do córrego que fica próximo de sua casa, pensava quanto tempo ainda tinha pra percorrer, o caminho da infância, mais tinha medo que aquele caminho fosse dar na vida adulta, de adultos correndo contra o tempo, seguindo sempre o mesmo caminho, sempre chegando atrasado, nas alegrias da vida, alegrias aquela mais simples, dar um beijo ou um abraço nos filhos e curtir a família, alegria essa, que nesse século, nesse milênio está acabando.
Quando faltava pouco pra chegar em casa, aquela criança ouviu:
Olha o sorvete cremoso!
E saiu correndo pra comprar, o de manga que era o seu preferido
Ao ver tamanha euforia, o sorveteiro sorriu e perguntou o porquê de tamanha felicidade,
Aquela criança apenas sorriu, agradeceu e saiu andando saboreando seu sorvete cremoso.
Mais tarde foi jogar bola com os amigos do bairro, correr, empinar pipa, mas logo teve que correr, pois começou um tiroteio entre a polícia e os bandidos, uma bala quase atingiu um de seus colegas.
Em casa já mais calma, aquela criança, percebeu que tudo jogava contra sua infância, a televisão, a política, o governo e a polícia.
Aquela criança ainda está por ai, em todos os guetos pelo Brasil.
A árvore não cresce sem a raiz.
A fruta não vira fruto sem a semente, sem água, sem sol, sem luz.
O leito do rio virá rio, e só depois deságua no mar.
A arma só mata, se tiver balas.
Então por que não olhar para “Aquela criança”
Incentive, alimente os sonhos, regue a planta, cuide das sementes, pra nos amanhã termos frutas e frutos dessa imensa árvore chamada Brasil.
Adquira o livro que contém esse texto e muito mais mandando um email para renatovital2@yahoo.com.br
11.5.09
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário