18.4.07

Quem são nossos inimigos?

Aê mano o barato é louco, eternizei um rolê com os camaradas, esse dia foi bem louco. Sente só, conferi ai o texto escrito o ano passado que em breve vai fazer um ano.
Quem são nossos inimigos?
Ouvindo um som de Bob Marley, um guerreiro como nós da periferia, me recordo de algumas fitas que aconteceram, e o meu pensamento cai bem diante da noite passada. Eu e uns manos todos dopados de realidade e falta de justiça social, na quermesse de rua da “Fazendinha”, loucos pra curtir o mundo de uma outra forma, sem trairagem, preconceito racial, e nem patifaria. O papo corre solto, fitamos as minas que vão passando em bondes, o veneno chamado de àlcool corre solto, e a maconha também, herança dos loucos. O som alto de músicas eróticas, chamadas irresponsávelmente de funk. Não o funk de James Brown, Jonnhy Rivers, Tim Maia e outros que marcaram época, e sim uma música que faz apologia ao sexo e a gravidez precoce.
As cantadas começam e as minas muitas vezes riem, muitas vezes olham, diversas vezez esnobam, talvez falte o que a maioria delas querem: dinheiro, moto, carro e sossego. Mas a noite é bela e não me deixo desanimar, o mano cola com um bebida, veneno do bom é menta, tomo um gole mas não sobe pra cabeça. “Get stand up” ... putz viajei na música essa paz que bob pregava em suas letras, não tem nada a ver com a nossa realidade, somos cercados por seres covardes e hipócritas.
Um louco passa do nosso lado, esse ta chapado, também deve viver como nós as armaguras da vida, se droga e se vê num beco sem saída. Por isso sai peitando todo mundo tentando impor um ser que não tem nada a ver com sua pessoa. Mas mesmo assim ele continua desmundando no meio dos manos e minas. Decidimos sair e dar um rolé nas ruas ali próximas, e talvez comprar mais uma garrafa de veneno do puro. Três minas em diante sozinhas, ao fitar elas, nós em 7 camaradas no rolê, decidimos conhece-lás. Conhecemos e trocamos telefones, nomes, perguntas com respostas discaradas e medo, mas o que o medo tem haver com o momento ali. Me lembro de que somos afrodecendentes e que se a ROTA enquadrar na madrugada pode preparar o caixão e as quatro velas, mesmo não tendo culpa de nascermos privilegiados pela nossa rica cultura e história de lutas. A inveja mata vem de 38 refrigerado e niquilado e calibre 12. O papo segue os manos de boa, nos despedimos das minas e saímos fora, uma viatura passa do nosso lado, por sorte os ratos cinza não embaçaram desta vez. Voltamos pra quermesse, e pouco tempo depois eu vou embora cansado, pois foi um longo dia de trabalho, fiquei esgotado. No caminho de volta, o meu medo vem a tona, medo da ignorância dos robozinhos do sistema, medo dos homens de farda sustentados por nossos impostos. por sorte não trombo nenhum desses monstros, chego em casa são, mais não salvo, pois sei que estamos longe da revolução, e cercados de inimigos por todos os lados.

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