17.4.10

Café, mesa e sexo.

Magalhães, tira os óculos, era a senha.

Patrícia se aproxima, entra no carro dele, não diz oi, nem bom dia, nem ao menos se olham nos olhos. O destino? Motel Califórnia, suíte cinco estrelas. Desde a primeira vez que traiu sua esposa, Magalhães se habitou ao ato, mesmo sabendo que era errado. Dessa vez seria com a própria secretária dela. Tudo começou, quando Magalhães chegou mais cedo, na empresa de sua esposa, pra levar ela pra casa. Patrícia estava com as mesmas roupas provocantes de sempre, e olhava pra Magalhães com o olhar malicioso de sempre. As cochas de Patrícia eram extremamente macias e torneadas, e o olhar de Patrícia se parecia com o olhar daquela atriz Brasileira, que trabalha numa emissora de televisão, a Cléo Pires. Foi simples, uma aproximação, falas e desejos de carícias, e estava tudo acertado. Se encontrariam as cinco da tarde na esquina da empresa. Sem medo e sem preocupações. Lá estavam eles juntos naquela tarde de sexta-feira:



- O que seus filhos diriam se soubesse.

- Patrícia, sem causar, ok.



Naquele terno engomado, o tipo exemplo da sociedade, dirige seu carro importado. Ele sabe que a vida não é justa, ele também sabe que sua riqueza, veio através da exploração, claro que sabe. O que ele não sabe, é que a vida também é de todos, mas entre um lucro e um empregado, preferia ficar com o lucro. É só isso, sociedade capitalista, nada marxista, nada comunista, nem socialista, apenas capitalista. Um motel, isso, um motel seria excelente pra tirar o stress da semana. Ah, não levaria a esposa, já foi o tempo em que era um tipo decente, agora era um tipo leviano, leviandade, maldade, malícia, um tipo malicioso ao extremo.



- Qual a suíte senhor? - Pergunta a atendente.

- Quero a melhor que vocês tiverem. - responde Magalhães.

- Alguma coisa pra comer ou beber? - Interroga a atendente.

- Um champanhe, isso um champanhe pra ela, pra mim prefiro um whisky. - responde o patrão, marido da patroa da Patrícia.



Vida. Um item a mais no universo, ou o próprio universo. Se o universo é vida, pra que a tornamos tão díficil e complicada. E por quê o ego e o orgulho, vencem o amor tão facilmente. O homem. Já disse um poeta que: " o Homem é a única espécie do universo, que provoca dor no semelhante pra massagear o ego" . Por quê somos tão egoísta, por quê vivemos em busca de respostas, quando ainda nem sabemos formular as perguntas.



- Nossa Ma, adorei esse quarto, não vejo a hora de colocar a lingerie que comprei especialmente pra você.

- Patrícia, não sou muito de ter intimidades com as pessoas que saio, mas eu gostaria de saber, seu namorado, você ainda namora não é?

- Sim, claro que namoro, por quê a pergunta.

- Por nada, só queria saber se alguém é tão cínico como eu.

- Desse jeito, a gente vai brochar antes de começar, olha, esquece tudo isso tá, a gente só veio se divertir, eu trato bem sua esposa, àlias eu adoro ela, mas não tem nada de mais, sei lá, entende.

- Entendo Patrícia, fica tranquila, que não sou de amarelar aos 45 minutos do segundo tempo.

- É mas o funcionário da sua esposa é.

- Por quê?

- Eu juro, que a gente estava sozinho, eu seduzi ele, e ele nem correspondeu, acho que ele é viado, sabe.

- Não, as vezes ele ainda respeita a mulher dele.

- Eu prefiro a opinião que ele é gay.

- hahahahhaha, você é sem vergonha.

- Claro, se eu não fosse, não teria saído com você, é claro.



As atitudes variam de pessoa pra pessoa. Tem pessoas que traem por opção, por virtude, por desculpa ou por diversão. Tem pessoas (a minoria) que não traem, por falta de oportunidade, por respeito, por atitude, por bondade, por piedade e também não traem por que tem amor pelo outro. Ninguém na terra, fala por ninguém, ninguém nunca vai ser capaz de julgar seu semelhante, mas ninguém é bobo, e na terra aonde o bobo já não existe e o caipira virou country, tudo acontece e tudo não acontece. Depende do ponto de vista que você olha.
Magalhães e Patrícia saem do motel, Magalhães deixa Patrícia em casa, que pede pra ele entrar, mas ele diz estar bastante exausto já. Ele vai pra casa, afim de levar sua esposa pra jantar, e ela liga pra seu namorado. Hipocrisias e Cinismos a parte, a vida continua.

Renato Vital é escritor.

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