10.2.10

Paty

Paty começa mais um dia, sua mãe resolveu deixa-lá no colégio hoje.
Tomou seu café da manhã, com suco de laranja, pão com presunto, mussarela, leite com nescau, ou qualquer umas dessas mordomias que preferir. Veste seu tênis de 50 reais comprado na 25 de março, na época de natal, quando foram comprar presentes pros empregados e pros parentes chatos que sempre apareciam nessa época. Coloca o tênis Nike de 400 reais dentro da mochila, junto com o material escolar, e quase se esquece de colocar sua blusinha tomara que caia. O fato de colocar um tênis dentro da mochila, se deve pelo fato, de alguns moleques estarem roubando tênis nas imediações do colégio, ou seja, ela vestia um "tênis paraguai" pra ir, e chegando dentro do colégio trocava de tênis. E sobre a blusinha tomara que caia, ela usava assim que saia do colégio, tirava o uniforme e colocava a blusinha que cobria somente os seios. Paty apesar de ter apenas 14 anos, já tinha experimentado tudo o que é droga, extase, cocaína, maconha, injetável, heroína e principalmente àlcool, só não crack, por que sabia que era sem volta.
Certo dia a polícia colocou as mãos nela e em suas amigas, que usavam cocaína numa rua da cidade, mas quando ela falou quem era sua mãe, liberaram ela e suas amigas. Deus sabe o que teriam feito, se elas fossem da periferia.

- Paty, vamos! Já está na hora!
- To indo mãae, dá um tempo fica, fica me apressando.

Sua mãe liga o rádio do carro, que fala as notícias do dia. Ela mete a mão no rádio e coloca na playba fm, uma rádio que ela adora. Está tocando suas banda favorita, Green Day, uns caras que gostam de se maquiar, fazer franjinha, falar fino e etc, mas ela os adora. Falando nisso, a uma semana atrás, ela foi no show promovido por essa mesma rádio, e eles estavam lá, alegres e sorridentes, acenando pro público e cantando em cima de um playback vagabundo.
Um menor encosta no carro, pede um real pra sua mãe, dona Simone que não se lembrava mais do assalto sofrido, apesar que a polícia ainda investigava, mostra o dedo pro moleque em sinal de negativo, e ao mesmo tempo, entrega uma nota de cinquenta reais pra sua filha, gastar aquele dia no shopping com suas amigas. O moleque se afasta do carro.

- Se vê minha filha não basta a gente doar pro criança esperança, pro Teleton, sempre vai existir esses moleques pedindo nos faróis, por causa de pais irresponsáveis, que poem filho a torto e a direito no mundo.

- A mãe deixa pra lá, era só um moleque.

- Mesmo assim minha filha, quero que você tenha consciência dos problemas do seu país desde cedo.

- I mãe, sai pra lá com esse papo careta, tá cansando minha beleza, e nem vem dar piti, que hoje quero curtir com minhas amigas, no final das aulas.

- Esse dinheiro que te dei dá pra você se divertir?

- Ah sei lá mãe, para aqui na esquina, que eu não quero ninguém comentando no colégio, que minha mãe me leva na escola, Deus me livre já pensou.

- Tá bom tchau filha.

- Oi paty, mas que maquiagem é essa?
- Minha mãe que fica me acelerando...
- Tá bom amiga, vem cá que eu tenho umas novis pra te contar, lembra daquele gatinho de ontem e blá blá blá....

Priiiii, o sinal soa, e todos os alunos que estavam no pátio, sobem pra suas salas, Paty agora de tênis Nike, bem mais confortada, sobe pra mais um dia entediante de aula.

Renato Vital é escritor

3 comentários:

Jéssica Balbino disse...

ela é filha da mulher que o Ditinho assaltou?
Vital...vc está saindo bem melhor que a encomenda ! Dá gosto ver seu blog atualizado. Apesar que eu to com saudade de conversar contigo, viu !
beijão

V.A.T.O disse...

mais um capitulo
tamo na sintonia monstru
sumemu.....urrulllllllll
viva a nossa litera-rua...
sumemu sumemu...

De Lourdes disse...

Renato, quero lhe pedir desculpas por quarta-feira, não falei contigo e sua esposa, foi mancada minha! Desculpe! Me perdou! Bjs na esposa e Abraços!